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    Expectativa para 2016 é de seca nas doações

    VALDO CRUZ
    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    12/04/2015 02h00

    Dentro do STF (Supremo Tribunal Federal) e entre empreiteiras, a avaliação é que as eleições municipais do próximo ano serão marcadas por uma seca nas doações eleitorais diante da crise provocada pela Operação Lava Jato e pelo risco de uma indefinição sobre o modelo de financiamento de campanhas.

    Dois dirigentes de empreiteiras ouvidos pela Folha disseram que neste momento a decisão é não doar em 2016.

    Um deles disse, inclusive, que as empreiteiras torcem para que o ministro do STF Gilmar Mendes dê logo seu voto no julgamento que proíbe o financiamento privado de campanha e resolva o "problema para nós".

    O caso está paralisado há um ano –Mendes pediu vista quando já havia maioria de votos (6 a 1) contra as doações de empresas. Embora pressionado a dar seu voto para encerrar o julgamento, o ministro prefere que o Congresso defina antes a situação.

    No Supremo, a expectativa é que, ainda que o julgamento não seja concluído, as próximas eleições sejam marcadas pela ausência de doações de pessoas jurídicas.

    O chamado clube das empreiteiras, investigado na Lava Jato, financiou cerca de 40% dos congressistas eleitos em 2014. Foram ao menos R$ 50 milhões em doações.

    Integrantes do PP, PMDB, PT e da oposição estão entre os que mais receberam recursos –diretamente ou por meio dos partidos ou comitês.

    Os repasses ao PT, por exemplo, estão sob suspeita porque, segundo o Ministério Público Federal, seriam uma forma de pagamento de propina devida ao partido pelas empresas que tinham contratos com a Petrobras.

    Nos bastidores, congressistas e dirigentes partidários admitem preocupação com as contas de campanha no próximo ano.

    Temendo uma crise entre os financiadores, o Congresso triplicou, no início do mês, os valores do Fundo Partidário: a verba foi elevada para R$ 868 milhões. A presidente Dilma Rousseff tem até o dia 22 para avaliar se mantém ou não o aumento.

    Oficialmente, os tesoureiros das legendas dizem que o cenário é imprevisível, uma vez que o STF ainda pode retomar o julgamento sobre doações e o Congresso promete aprovar uma reforma política para valer já em 2016.

    Em discussão na Câmara, um dos principais pontos da proposta é o financiamento de campanha, motivo de desentendimento entre os partidos. O PT é o principal defensor do financiamento exclusivamente público das campanhas. PMDB e PSDB apoiam o financiamento misto.

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