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    Lava Jato

    TCU e oposição na CPI querem ouvir delator do caso SBM-Petrobras

    LEANDRO COLON
    DE LONDRES

    14/04/2015 12h00

    Leandro Colon/Folhapress
    O britânico Jonathan David Taylor em entrevista à *Folha*
    O britânico Jonathan David Taylor em entrevista à Folha

    Integrantes da CPI da Petrobras e o procurador Julio Marcelo de Oliveira, representante do Ministério Público no TCU (Tribunal de Contas da União), disseram nesta terça-feira (14) que pretendem ouvir o britânico Jonathan David Taylor, o delator do esquema de corrupção envolvendo a empresa holandesa SBM Offshore e a Petrobras.

    "O TCU deve ouvi-lo o quanto antes. Vou requerer ao ministro relator [Vital do Rêgo] para que uma comissão de auditores vá à Inglaterra ou, se for viável, que ele venha ao Brasil", afirmou o procurador do TCU à Folha.

    Procurado pela reportagem nesta terça, Jonathan Taylor, que trabalhou oito anos e meio na SBM na Europa, respondeu que aceita colaborar com o tribunal. "É claro que ajudaria. Me sentiria contente em poder contribuir para essa investigação", afirmou.

    Ex-funcionário da SBM, Taylor também já se colocou à disposição da CPI no Congresso. O deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA) informou que pretende apresentar requerimento nesta terça para que uma comissão viaje ao Reino Unido para se encontrar com o delator.

    Além disso, deve ser votado, segundo ele, a convocação de Jorge Hage, que era o ministro-chefe da CGU durante a campanha do ano passado, quando Jonathan Taylor enviou um dossiê sobre o esquema à controladoria.

    Conforme a Folha revelou nesta terça, o principal órgão de controle interno do governo federal, a CGU (Controladoria-Geral da União,) recebeu de Taylor durante a campanha eleitoral do ano passado provas de que a SBM Offshore pagou propina para fazer negócios com a Petrobras, mas só abriu processo contra a empresa em novembro, após a reeleição da presidente Dilma Rousseff.

    Em entrevista ao jornal, a primeira a um veículo brasileiro, Taylor disse que prestou depoimento e entregou mil páginas de documentos à CGU entre agosto e outubro de 2014. O órgão só anunciou a abertura de processo contra a SBM em 12 de novembro, 17 dias após o segundo turno da eleição presidencial.

    O procurador do TCU questionou a atuação da CGU no caso, inclusive em relação a um acordo de leniência que o órgão do governo vem negociando com a empresa holandesa. "Esse tipo de acordo deve ser conduzido por órgão independentes e autônomos", disse.

    SBM

    Jonathan Taylor trabalhou durante oito anos e meio para a SBM na Europa e é apontado pela empresa como responsável pelo vazamento de documentos e informações sobre o caso publicadas na Wikipedia em outubro de 2013.

    O vazamento levou a investigações sobre a SBM no Brasil e na África. Os documentos indicam que ela pagou US$ 139 milhões ao lobista brasileiro Julio Faerman para obter contratos na Petrobras.

    Editoria de arte/Folhapress

    JORGE HAGE

    Jorge Hage, que era ministro da CGU até o ano passado, negou nesta terça que o órgão tenha atrasado a abertura das investigações para depois das eleições presidenciais.

    Em entrevista à Rádio Jovem Pan, ele afirmou que a Controladoria estava divulgando o caso desde o início de 2014. Segundo ele, o trabalho da CGU é anterior a novembro de 2014, e que precisava de dados consistentes e provas preliminares para instaurar a abertura de um processo.

    "O que aconteceu em novembro foi a formalização do processo depois de nós termos insistido com Taylor para nos passar mais informações e termos solicitado pelas vias oficiais de cooperação internacional as informações ao Ministério Público da Holanda", afirmou.

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