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    Irritado com Planalto, Renan diz que não discute ida de Alves ao Turismo

    GABRIELA GUERREIRO
    DE BRASÍLIA

    14/04/2015 12h37

    Sérgio Lima - 10.fev.15/Folhapress
    Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) cumprimenta o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
    Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) cumprimenta o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ)

    Em meio ao impasse sobre a indicação do ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para o Ministério do Turismo, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) disse nesta terça-feira (14) que não participa da discussão sobre a escolha do novo titular da pasta.

    Apesar de nos bastidores estar impondo resistências à indicação de Alves para manter o atual ministro Vinícius Lage no cargo, seu afilhado político, Renan disse que discutir a nomeação do ministro "apequena" as funções do Congresso, do qual é presidente.

    "O Congresso é uma instituição respeitável, tem defendido a redução do número de ministérios, a redução de cargos em comissão, a reforma do Estado. Não tem muito sentido colocar o presidente do Senado Federal na discussão de quem vai ser ministro ou quem não vai ser ministro, quem vai ocupar cargo A, cargo B, cargo C. Eu não quero participar desse debate", afirmou.

    Questionado se não seria uma "contradição" defender a redução de ministérios, mas manter seu afilhado político na pasta, Renan desconversou. "Seria uma contradição inconcebível eu, que defendo a redução do número de ministérios, a redução de cargos em comissão, ficar discutindo quem vai assumir ou quem vai ser exonerado de um ministério ou de qualquer cargo."

    IMPASSE

    Apesar de não admitir publicamente, Renan criou um impasse para o governo na nomeação de Alves para o posto. A confirmação da ida dele paras o cargo, promessa feita pela própria presidente Dilma Rousseff, é esperada para esta semana.

    Nesta segunda-feira (13), peemedebistas davam como certa a confirmação, mas Calheiros informou ao governo que não avalizará o destino de Lage. O presidente do Senado e Dilma estiveram juntos nesta segunda.

    Segundo a Folha apurou, o vice-presidente Michel Temer, nomeado como novo articulador político do Planalto, tentou nos últimos dias construir opções para Lage "melhores que o ministério". Foi colocado na mesa, por exemplo, a opção de ele presidir órgãos como a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) ou diretoria de bancos.

    Aliados de Calheiros, no entanto, afirmam que o senador não quer que atribuam a ele qualquer nova indicação para postos no governo. Afinal, assumiu o discurso de que a presidente precisa cortar pela metade seus ministérios.

    INFLUÊNCIA

    Para integrantes do governo, no entanto, o recado do peemedebista é outro: o de que ele não quer perder a zona de influência no ministério. Peemedebistas enxergam na movimentação de Calheiros uma estratégia para que Dilma fique "devedora" do senador.

    Segundo auxiliares de Dilma, a presidente terá de decidir qual cacique desagradará: Calheiros ou Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados.

    Alves é amigo e aliado de Cunha, e sua nomeação é vista dentro do governo como um afago ao presidente da Câmara em um momento em que o deputado e o Planalto estão em confronto.

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