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    Lava Jato

    Pressionada, CPI da Petrobras aprova tomar depoimento de Fernando Soares

    AGUIRRE TALENTO
    DE BRASÍLIA

    14/04/2015 18h17

    Reginaldo Teixeira/Veja
    Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, é apontado como operador do PMDB no esquema
    Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, é apontado como operador do PMDB no esquema

    A CPI da Petrobras aprovou nesta terça-feira (14) a tomada de depoimento em Curitiba do lobista Fernando Soares, apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção da estatal, e dos executivos de seis empreiteiras acusadas de envolvimento: Camargo Corrêa, Engevix, Galvão Engenharia, Mendes Júnior, OAS e UTC.

    A decisão pelos depoimentos em Curitiba ocorreu porque todos eles atualmente estão presos no Paraná por conta das investigações da Operação Lava Jato e por uma articulação liderada pelo PMDB, para que Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, não seja ouvido na Câmara.

    Um ato da mesa diretora da Câmara impede a oitiva de presos nas dependências da Casa. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), havia suspendido temporariamente o ato para permitir o depoimento do ex-diretor Renato Duque na Câmara, mas não o revogou. Para que eles fossem ouvidos na Casa, seria necessário novo aval de Cunha –que é justamente apontado pelo doleiro Alberto Youssef como um dos beneficiários no esquema de corrupção. Cunha nega a acusação.

    A ida a Curitiba teve votos contrários de parlamentares do PT, PSDC e PSOL, que queriam trazer Fernando Baiano à Câmara. O deputado Afonso Florence (PT-BA) pediu que os depoimentos em Curitiba sejam completamente abertos à imprensa, para dar repercussão à oitiva do operador do PMDB. O presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), afirmou que a intenção é que isso ocorra, mas não deu garantia.

    O receio dos parlamentares contrários à ida a Curitiba é que os depoimentos ocorram sem publicidade, poupando o PMDB do desgaste já imposto ao PT por conta dos depoimentos de Duque, apontado como intermediário da propina ao PT, e de João Vaccari Neto, tesoureiro da legenda.

    SBM

    A CPI também aprovou a convocação do ex-diretor da SBM Jonathan David Taylor, que afirmou à Folha, em matéria publicada nesta terça-feira (14), que a CGU (Controladoria-Geral da União) segurou a divulgação sobre a investigação da propina na Petrobras antes da eleição presidencial do ano passado.

    Os requerimentos aprovados garantem o depoimento de Taylor à CPI, mas preveem que a comissão faça a uma viagem ao Reino Unido para ouvi-lo.

    Os parlamentares ainda queriam votar outros assuntos que estavam fora da pauta de consenso, como proposta de acareação entre Vaccari, o ex-gerente Pedro Barusco e o doleiro Alberto Youssef, do deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA), e a proposta de convocação da esposa do ex-diretor Renato Duque, do deputado Ônix Lorenzoni (DEM-RS).

    Não houve, porém, tempo suficiente, porque a sessão no plenário da Câmara foi iniciada, o que impede a votação de requerimentos nas comissões. O deputado Altineu Côrtes (PR-RJ) acusou o PT de manobrar para protelar as votações com o objetivo de evitar as acareações. O deputado Afonso Florence (PT-BA) disse que as acareações podem ser feitas depois dos depoimentos já aprovados e que o partido não é contra.

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