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    Lava Jato

    Prisão de Vaccari é política, diz líder do PT na Câmara

    MARIANA HAUBERT
    RANIER BRAGON
    DE BRASÍLIA

    15/04/2015 12h25

    O líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), classificou a prisão do tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, como uma prisão política. Vaccari foi preso nesta quarta-feira (15) pela Polícia Federal no âmbito da Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras. Ele nega envolvimento no esquema.

    Para o deputado, há uma "orientação deliberada" nas delações premiadas realizadas pela Operação Lava Jato para prejudicar o PT. Sibá também criticou a oposição ao dizer que todos os partidos receberam doações das empresas investigadas pela PF.

    "Na minha opinião esta é uma prisão política. Ele [Vaccari] não fez nenhum tipo de arrecadação fora do que determina a lei brasileira. Essa é a nossa posição. Confiamos no que foi feito. Estamos extremamente desconfiados de que há uma orientação deliberada nessas delações premiadas para prejudicar o PT. Nós vamos fazer a nossa defesa", afirmou.

    Para o petista, os tesoureiros de outros partidos também deveriam explicar de onde receberam recursos para as campanhas eleitorais realizadas no ano passado.

    "Os partidos, com poucas exceções, receberam dinheiro das empresas que hoje estão sendo investigadas na Lava Jato. De papel passado, de recibo, e aprovadas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Então, quem quer dizer que o PT pegou dinheiro de corrupção, também pegou. Então, o tesoureiro dos outros partidos também deveriam vir explicar de onde pegaram o dinheiro. Não há milagre. Não há mão divina nessa história", avaliou.

    Na tribuna do plenário no início da noite, Sibá classificou a prisão de Vaccari como um "show" e uma "pirotecnia" e disse que há uma "exorbitância" do juiz Sérgio Moro, responsável pela condução das ações da Operação Lava Jato.

    "Não tem nada que foi dito de acusação contra ele que tenha qualquer possibilidade de ele estar destruindo provas ou ameaçando qualquer pessoa. Chamo a atenção do Supremo Tribunal Federal para uma exorbitância do juiz Sérgio Moro. Nós vimos o show, a pirotecnia. No aniversário do PT, ele foi conduzido coercitivamente", disse na tribuna do plenário.

    Em nota divulgada nesta tarde, o PT anunciou o afastamento de Vaccari da tesouraria do partido e classificou a prisão como "desnecessária" e "injustificada".

    EDUARDO CUNHA

    O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), lamentou a prisão.

    "Esse é um problema que já está sendo discutido pelo Poder Judiciário. A nós só cabe assistir e lamentar. Vamos ver no que vai dar", afirmou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

    O peemedebista também é investigado pelo Supremo Tribunal Federal no caso da Lava Jato. Ele nega irregularidade e diz que a inclusão de seu nome teve motivação política.

    Segundo o despacho do juiz Sergio Moro, que determinou a prisão, Vaccari foi preso porque, como continuava na tesouraria do partido, poderia continuar incorrendo em crimes ou atrapalhar as investigações.

    A manutenção dele [Vaccari] em liberdade ainda oferece um risco especial pois as informações disponíveis na data desta decisão são no sentido de que João Vaccari Neto, mesmo após o oferecimento contra ele de ação penal pelo Ministério Público Federal [...], remanesce no cargo de tesoureiro do Partido dos Trabalhadores. Em tal posição de poder e de influência política, poderá persistir na prática de crimes ou mesmo perturbar as investigações e a instrução da ação penal", afirmou.

    CURITIBA

    Vaccari vai ser deslocado pela polícia para a sede da PF em Curitiba, que conduz as investigações. Vaccari estava tranquilo no momento da prisão.

    A nova etapa da Operação Lava Jato tenta cumprir mandado de prisão temporária contra Marice Correia de Lima -além de mandado de busca e apreensão na casa dela-, cunhada de Vaccari. Ela está foragida. O tesoureiro afirmou que sua cunhada pode ser estar em viagem ao exterior, mas não há registro da saída dela do país na Polícia Federal.

    Contra a mulher dele, Giselda Rose de Lima, a PF cumpriu mandado de condução coercitiva. Esse mandado foi cumprido na própria casa dela, por isso ela não precisou ser levada a depor na PF.

    De acordo com depoimento do doleiro Alberto Youssef, R$ 400 mil desviados pelo esquema de corrupção na Petrobras foram depositados na conta da mulher do tesoureiro, em 2008.

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