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    Lava Jato

    Oposição diz que prisão de Vaccari implica PT na corrupção da Petrobras

    DE BRASÍLIA

    15/04/2015 12h37

    Líderes de partidos de oposição ao governo federal declararam que a prisão do tesoureiro petista João Vaccari Neto nesta quarta-feira (15), no âmbito da Operação Lava Jato, implica diretamente o PT no esquema de corrupção da Petrobras.

    Presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) questionou a permanência de Vaccari na tesouraria do PT ao afirmar que o partido de Dilma, que está "fragilizado", não conseguiu afastá-lo das funções, mesmo acusado de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras.

    "O Brasil é protagonista de uma cena inédita da história. O responsável pelas finanças do partido que governa o Brasil está preso com sucessivas acusações. Esse é o mais triste retrato de um partido político que abdicou de um projeto de país para se manter no poder, com crimes sucessivos que levam seu tesoureiro hoje a estar preso", afirmou.

    Para o presidente do DEM, José Agripino Maia (RN), a prisão de Vaccari representa a "prisão preventiva do próprio PT", já que cabe ao tesoureiro gerir os recursos financeiros da sigla e das campanhas eleitorais de membros do partido.

    "É hora de fazer o confronto entre o que ele disse na CPI e os fatos que levaram à prisão", disse.

    O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), disse que o decreto de prisão preventiva "desmantela" a versão sustentada pelo PT que as doações recebidas das empresas investigadas foram legais e registradas na Justiça Eleitoral.

    "Caiu por terra o argumento que o PT continuava mantendo e que foi apresentado até a semana passada durante o depoimento de Vaccari na CPI da Petrobras. A prisão do tesoureiro desmantela essa versão. Representa o PT na cadeia", afirmou Bueno, em nota divulgada à imprensa.

    O PPS sustenta ainda que, se ficar comprovado que o PT recebeu recursos de empresas estrangeiras, como teria sido o caso da SBM Offshore, empresa também sob investigação na Lava Jato, representaria uma infração à Constituição, que proíbe esse recebimento.

    Já o senador Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM no Senado, afirmou que é o segundo tesoureiro do PT preso em menos de cinco anos, referência à prisão de Delúbio Soares por sua condenação no mensalão.

    IMPEACHMENT

    Na opinião de Caiado, a prisão de Vaccari pode resultar na perda de registro do PT como partido político e abre caminho para um pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

    "Diante desse cenário, tudo caminha para que o PT perca o registro de partido político. E, comprovado que a presidente Dilma foi beneficiada por esse esquema em suas campanhas, será mais que suficiente para ela perder o mandato por corrupção", afirmou.

    Mais cauteloso, Aécio disse que há um "conjunto de acusações" contra o PT que precisam ser reunidas antes de a oposição ingressar com um pedido formal de investigações contra Dilma. "Há um conjunto de acusações. Estamos avaliando com juristas se há a caracterização de crime de responsabilidade. O impeachment não está prioritariamente na agenda do PSDB, mas não é crime. Se acharmos que há indícios, o PSDB vai avaliar essa hipótese. Não temos ainda essa decisão tomada."

    'PRISÃO POLÍTICA'

    O líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), classificou a prisão de Vaccari como "política". Para o deputado, há uma "orientação deliberada" nas delações premiadas realizadas pela Operação Lava Jato para prejudicar o PT.

    "Na minha opinião esta é uma prisão política. Ele [Vaccari] não fez nenhum tipo de arrecadação fora do que determina a lei brasileira. Essa é a nossa posição. Confiamos no que foi feito. Estamos extremamente desconfiados de que há uma orientação deliberada nessas delações premiadas para prejudicar o PT. Nós vamos fazer a nossa defesa", afirmou.

    Para o petista, os tesoureiros de outros partidos também deveriam explicar de onde receberam recursos para as campanhas eleitorais realizadas no ano passado.

    "Os partidos, com poucas exceções, receberam dinheiro das empresas que hoje estão sendo investigadas na Lava Jato. De papel passado, de recibo, e aprovadas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Então, quem quer dizer que o PT pegou dinheiro de corrupção, também pegou. Então, o tesoureiro dos outros partidos também deveriam vir explicar de onde pegaram o dinheiro. Não há milagre. Não há mão divina nessa história", avaliou.

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