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    Lava Jato

    Procuradoria 'tolheu' apuração, diz delegado

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA
    NATUZA NERY
    MÁRCIO FALCÃO
    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    18/04/2015 02h00

    Pedro Ladeira - 3.mar.2015/Folhapress
    O procurador-geral da República, Rodrigo Janot
    O procurador-geral da República, Rodrigo Janot

    O delegado federal Eduardo Mauat da Silva, que integra a força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná, acusou nesta sexta (17) o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de "tolher a investigação" da operação em Brasília.

    "Houve, por parte do doutor Janot, uma iniciativa de tolher as investigações da Polícia Federal. E nós queremos que ele explique à sociedade o porquê disso", afirmou.

    Nesta semana, devido a divergências entre a Polícia Federal e o Ministério Público, o STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu a tomada de depoimentos em sete inquéritos que investigam políticos e operadores do esquema a pedido de Janot, que disse querer melhorar a "organização da estratégia".

    Mauat disse que o pedido de Janot foi "sui generis", e lançou dúvidas sobre suas intenções. "[Ele ocupa] um cargo político, foi indicado pelo governo e não poderia interferir numa investigação da PF", afirmou. Ao ser questionado se o governo estaria trabalhando para minar as investigações, disse: "Não sei. Vamos esperar os próximos meses. Mas, se quiserem, estão no caminho certo".

    Em nota, a Procuradoria afirmou que Janot "tem determinado regularmente a realização de diligências [...] no estrito interesse do esclarecimento dos fatos". Segundo o órgão, "a ordem de coleta de provas nos inquéritos é fundamental para o êxito da investigação e, como a responsabilidade pelo oferecimento da denúncia é do procurador-geral da República, cabe a ele decidir a estratégia de investigação, como foi expressamente reconhecido pelo ministro relator do caso".

    Segundo a Folha apurou, investigadores temem que as denúncias a serem feitas pelo Ministério Público Federal em inquéritos derivados da Lava Jato que tratam de políticos sejam insuficientes para desvendar o o esquema na Petrobras.

    Policiais que atuam no caso temem que, ao final de uma investigação frustrante, a PF seja acusada de leniência pela opinião pública, quando a investigação está toda nas mãos da Procuradoria. Nos bastidores, criaram um bordão contra o Ministério Público: "deixe a PF trabalhar".

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