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    Lava Jato

    Alvo da Lava Jato, deputado do PP diz que já tinha ouvido falar no esquema

    MÁRCIO FALCÃO
    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    17/04/2015 22h22

    Em depoimento à Polícia Federal no inquérito aberto no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a Operação Lava Jato, o deputado Luis Carlos Heinze (RS), 64, admitiu que "como parlamentar do PP, já tinha ouvido falar de esquemas de corrupção dentro do partido".

    O congressista afirmou, porém, que a legenda não abriu investigação interna para apurar a informação que circulava na legenda. Ele disse que "as suposições são, agora, ratificadas ante este escândalo de corrupção na Petrobras".

    Heinze foi ouvido no último dia 10 pela PF, por ordem do ministro do STF Teori Zavascki, que acolheu pedido da Procuradoria Geral da República. No dia 8, outros dois deputados do PP prestaram esclarecimentos: Renato Molling (RS), 54, e Jerônimo Goergen (RS), 39.

    Heinze e Goergen disseram acreditar na possibilidade de que seus nomes tenham sido "envolvidos" de forma "injusta" no escândalo pela cúpula da sigla.

    Eles atribuíram ao comando da legenda o sistema de arrecadação de doações na campanha de 2010, assim, teriam sido beneficiados eventualmente, sem saber, de recursos desviados da estatal.

    "A citação do envolvimento de deputados do partido está relacionada com uma estrutura corrompida de exercício partidário, patrocinada pela lideranças do partido", disse Heinze, que está em seu quinto mandato.
    Molling também afirmou ser possível que seu nome tenha sido utilizado indevidamente pelo PP, mas não soube apontar quem.

    Heinze afirmou que houve um movimento interno em agosto de 2011 que resultou na saída de Nelson Meurer (PP-PR) da liderança do partido. Um dos fatores da discordância com a então liderança foi que "havia a desconfiança do uso da sigla em esquema de corrupção".

    Segundo ele, depois desse movimento "ganharam destaque" no comando da legenda os deputados Aguinaldo Ribeiro (PB), Arthur de Lira (AL) e Eduardo da Fonte (PE) e o senador Ciro Nogueira (PI). No depoimento, a PF menciona que todos são citados pelo doleiro Alberto Yousseff, delator. Sobre isso, Heinze disse que "não pode precisar" se eles se beneficiaram do suposto esquema.

    Heinze confirmou ter mantido encontro com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, em 2006 ou 2007, na liderança do partido. Na ocasião, Costa, que agora é um dos delatores do esquema, foi "apresentado" como diretor de Abastecimento da Petrobras por indicação do partido. Ele negou que tenha participado da indicação.

    Desde o início do escândalo, o PP tem dito que colabora com as autoridades e espera ter acesso a todas as informações das investigações para se manifestar. Responsáveis pela indicação de Costa, os parlamentares do PP representam mais da metade do número total de investigados. Ao todo, são 48 pessoas alvos de inquéritos, sendo 34 congressistas. Dos 40 deputados do partido, 18 são alvos de apurações. No Senado, três dos cinco pepistas estão na mira do Supremo.

    A diretoria de Abastecimento, comandada por Costa, servia inicialmente para abastecer repasses ao PP, que eram operados pelo doleiro Alberto Youssef, e depois passou a atender também o PMDB. Por isso a prevalência de citações a parlamentares do PP.

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