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    Lava Jato

    Camargo Corrêa pagou R$ 110 milhões em propina na Petrobras, diz executivo

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    18/04/2015 12h46

    O vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Leite, disse em depoimento prestado em seu acordo de delação premiada que a empreiteira pagou R$ 110 milhões em propina para fechar contratos com a Petrobras entre 2007 e 2012.

    Desse montante, a diretoria de Serviços, comandada por Renato Duque nessa época, ficou com R$ 63 milhões, enquanto a diretoria de Abastecimento, que tinha à frente Paulo Roberto Costa, levou R$ 47 milhões, segundo Leite.

    Duque, que está preso, foi indicado ao cargo pelo ex-ministro José Dirceu —o que ambos negam. Já Costa foi uma indicação do PP, mas, no cargo, ele conseguiu o apoio do PT e do PMDB.

    O teor do acordo foi disponibilizado pela Justiça federal de Curitiba na noite desta sexta (17). Os depoimentos foram prestados em março.

    PRESIDÊNCIA SABIA

    Leite contou aos procuradores e aos delegados da Polícia Federal que a cúpula da Camargo sabia da prática de pagamento de suborno, "desde a diretoria executiva até a presidência executiva".

    O presidente da empreiteira, Dalton Avancini, também fez um acordo de delação, e contou que a Camargo pagou R$ 10 milhões para conseguir uma obra na Revap (Refinaria Vale do Paraíba, em São Paulo).

    O suborno foi pago em 2011 pelo empresário Julio Camargo, que recebeu os recursos da Camargo por meio de uma empresa dele, a Piemonte, simulando a prestação de consultoria.

    O vice-presidente conta que teve um jantar com Duque e Pedro Barusco, gerente que trabalhava na área de Serviços, no qual a dupla cobrou R$ 50 milhões que a empreiteira devia em suborno só para esse setor da Petrobras.

    A cobrança ocorreu na casa de Julio Camargo, que já confessou fazer repasse de suborno no esquema da Petrobras.

    Ao falar sobre as obras conquistadas pelo Camargo, Avancini cita 32 contratos e diz que todos os negócios fechados depois de 2007 foram conquistados com pagamentos de propina para a diretoria de Serviços, de Renato Duque.

    Segundo lista entregue pelo executivo, são dez obras, entre as quais as mais caras já feitas pela Petrobras como a refinaria Abreu e Lima e o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).

    Avancini relata que a empresa Sanko Sider, que foi contratada pela Camargo para fornecer tubos para a refinaria Abreu e Lima, repassou R$ 31 milhões em propina por meio de Youssef. Foi o doleiro quem indicou a Sanko para a Camargo, segundo ele.

    O contrato da Camargo nessa refinaria, que está em fase de testes em Pernambuco, já atingiu R$ 3,8 bilhões.

    O presidente da Camargo também relatou que a empreiteira participou de um cartel que fraudava licitações da Petrobras e acusou a Odebrecht de liberar o esquema.

    A Camargo informou por meio de sua assessoria que não vai se pronunciar sobre a delação, mas está colaborando com as autoridades.

    A defesa de Duque nega que ele tenha praticado crimes na diretoria de Serviços da estatal. A Sanko Sider refuta com veemência ter praticado irregularidades.

    Divulgação
    Eduardo Leite, vice-presidente da Camargo Correa
    Eduardo Leite, vice-presidente da Camargo Correa

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