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    Lava Jato

    Após depoimento, CGU agradeceu e pediu mais ajuda a delator

    LEANDRO COLON
    DE LONDRES

    20/04/2015 14h22

    Um e-mail mostra que a CGU (Controladoria-Geral da União) manteve contato com o ex-diretor da SBM Offshore Jonathan Taylor após receber dele um dossiê e ouvi-lo sobre esquema de corrupção com a Petrobras.

    Embora hoje minimize as informações prestadas por ele durante a campanha passada, a CGU agradeceu sua ajuda em mensagem no dia 13 de outubro, dez dias após depoimento prestado a três servidores do órgão.

    A CGU solicitou informações sobre transações feitas nos Estados Unidos entre a SBM e o lobista Julio Faerman, apontado como elo da propina com servidores da estatal.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Na mensagem, o servidor Hamilton Cruz, diretor de Acordos e Cooperação Internacional da CGU, agradece Taylor por ter enviado dados financeiros da SBM e diz: "Sobre um assunto diferente, buscarei sua ajuda novamente".

    O funcionário do órgão de controle destaca as informações de Taylor sobre a atuação de autoridades dos EUA no caso por causa de transferências da SBM para Faerman em Houston, nos Estados Unidos.

    Cruz pede que o executivo britânico envie novamente um arquivo sobre o tema. "Eu vou conversar com as autoridades dos Estados Unidos e então tentar convencê-los a ser envolver caso não tenham decidido fazê-lo", disse o servidor.

    Procurada pela Folha, a CGU confirmou o e-mail e disse que estava buscando mais detalhes "para verificar se os EUA também teriam competência para investigar o caso".

    "Assim, a CGU poderia tentar o pedido de cooperação com outro país além da Holanda'", afirmou.

    Documentos internos da SBM mostram uma comissão de US$ 89.255,96 paga a uma empresa de Julio Faerman por meio de uma conta no HSBC de Nova York no ano de 2009.

    O dinheiro, segundo os papéis, faz parte de comissão paga ao filho do lobista, Marcello Faerman, referente a uma fatura de US$ 696.630,00 da Petrobras.

    Em entrevista à Folha, Jonathan Taylor acusou a controladoria de esperar o fim da campanha eleitoral para abrir processo contra a SBM, no dia 12 de novembro.

    A CGU recebeu dele contratos do lobista brasileiro com a SBM, informações sobre repasses a paraísos fiscais, e-mails reservados, gravações de reuniões da empresa, entre outras coisas.

    A controladoria nega protelação política e alega que não usou seu material na investigação aberta em abril por indícios de terem sido obtidos de maneira ilícita e também porque não apontavam transferências de dinheiro da SBM diretamente para servidores da Petrobras.

    Os documentos e as investigações das autoridades holandesas, no entanto, indicam que não havia repasse da empresa para funcionários da estatal porque o lobista Julio Faerman era o intermediário da propina. Os documentos entregues pelo delator tratam sobretudo das atividades do lobista, que recebeu pelo menos US$ 139 milhões da SBM.

    A CGU admite que as informações de Taylor foram as únicas evidências que a sindicância aberta em abril obteve procedente da Europa. O Ministério Público da Holanda, que investigou o caso, e a SBM não colaboraram.

    Na ocasião dos contatos entre o órgão e o executivo, entre agosto e outubro de 2014, a maioria dos documentos, como os contratos do lobista, era inédita e pouco se sabia sobre os bastidores da SBM, que negocia até hoje um acordo de leniência.

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