• Poder

    Thursday, 02-May-2024 11:18:31 -03

    Cunha é hostilizado em evento na Assembleia de Mato Grosso

    RODRIGO VARGAS
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM CUIABÁ

    24/04/2015 20h32

    Rodrigo Vargas/Folhapress
    Grupo protesta contra o projeto da terceirização durante visita do presidente da Câmara, Eduardo Cunha
    Grupo protesta contra projeto da terceirização em visita do presidente da Câmara, Eduardo Cunha

    Confusão, empurra-empurra, "beijaço" e blindagem seletiva marcaram a participação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no evento Câmara Itinerante, realizado nesta sexta-feira (24) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, em Cuiabá.

    Convocados por meio das redes sociais, dezenas de sindicalistas, representantes do movimento LGBT, feministas, sem-terra e estudantes tentaram sem sucesso entrar nas galerias do plenário para protestar contra o parlamentar.

    "Somos contra a terceirização, o racismo e a homofobia. Ele [Cunha] é a personificação de tudo o que abominamos. É o retrocesso em pessoa. Viemos aqui para que ele nos ouça", bradou, com um tambor nas mãos, o manifestante Marcelo Santos, estudante da psicologia na UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso).

    Mas Cunha não entrou pelo saguão principal. E a escadaria que dá acesso às galerias estava bloqueada por 11 policiais armados. Seis deles vestiam coletes à prova de balas. "As galerias serão abertas apenas para prefeitos e vereadores", diziam os encarregados do cerimonial, em meio às vaias dos manifestantes.

    A restrição, porém, não valeu para integrantes do movimento liberal Muda Brasil –que defende, entre outras pautas, a renúncia da presidente Dilma Rousseff. Vestidos com a camiseta amarela do movimento, 20 manifestantes tiveram lugares reservados e puderam acompanhar, das galerias, o discurso de Cunha. Alguns lhe encaminharam perguntas por escrito.

    Rodrigo Vargas
    Manifestantes tentam invadir sala da Assembleia Legislativa de Cuiabá durante protesto contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha
    Manifestantes tentam invadir sala da Assembleia Legislativa de Cuiabá durante protesto contra Cunha

    "Entramos em contato com uma semana de antecedência e pedimos a reserva. Esclarecemos que viríamos sem faixas e cartazes, apenas para ouvir. Se outros não fizeram o mesmo, não é nossa culpa. Não houve privilégio", disse Lorena Lacerda, integrante do comitê estadual.

    No saguão de entrada, o momento mais tenso se deu quando manifestantes tentaram forçar o acesso às galerias. Em meio à confusão, o estudante Gabriel Carmo e Silva, vice-presidente da AME (Associação Mato-grossense dos Estudantes), escalou o parapeito da escada e foi contido pelos policiais.

    "Rasgaram minhas roupas e me empurraram escada abaixo. E tudo porque resolveram fazer uma audiência pública sem público", reclamou.

    Para protestar contra a Polícia Militar, manifestantes do movimento gay promoveram um "beijaço" em frente aos policiais que integravam o bloqueio.

    Nas últimas semanas, Eduardo Cunha enfrentou protestos também em João Pessoa, São Paulo e Porto Alegre.

    Dentro do plenário, Cunha discursou com tranquilidade e foi aplaudido várias vezes. Defendeu a mudança no sistema eleitoral que, segundo ele, está "esgotado, fracassado".

    "Um milhão de eleitores votam no Tiririca e, junto com ele, trazem um monte de tiririquinhas a Brasília. Ninguém entende isso", disse.

    Sobre as críticas ao projeto de lei 4.330/04, que regulamenta a terceirização no mercado de trabalho e foi recentemente aprovado na Câmara, Cunha culpou "interesses sindicais" que "usam o trabalhador como escudo".

    "Eu desafio qualquer pessoa a me apontar qual direito está sendo aviltado pelo projeto. Noventa por cento do seu conteúdo é defesa de direitos", afirmou.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024