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    Grupo do Paraná faz lobby para aprovar Fachin no Supremo

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    26/04/2015 02h00

    Temerosos de uma possível resistência do Senado ao advogado Luiz Edson Fachin, indicado pela presidente Dilma Rousseff ao STF (Supremo Tribunal Federal), juristas e políticos do Paraná formaram um movimento de apoio à sua indicação.

    O principal objetivo é convencer os congressistas, especialmente da oposição, a apoiarem seu nome. A nomeação de Fachin depende da aprovação do Senado.

    Fachin, que nasceu no Rio Grande do Sul, mas fez carreira no Paraná, tem sido questionado sobre sua proximidade com o PT. Ele declarou voto em Dilma em 2010, foi advogado da Itaipu Binacional e já se posicionou a favor da reforma agrária.

    A preocupação é que o advogado seja "vítima" da crise política da presidente Dilma, em especial com o PMDB.

    "É um momento delicado; as forças políticas estão acirradas. Por isso a articulação tem que ser feita", diz a procuradora Maria Tereza Uille Gomes, que integra o grupo.

    O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que anda em rusgas com Dilma, já sinalizou que a aprovação de Fachin pode não ser fácil, e disse a interlocutores que a Casa não aceitaria ninguém "com a digital do PT".

    Por isso, o grupo, de cerca de 20 pessoas, tem contatado senadores, governadores, ministros e juízes para reforçar "o extraordinário currículo" de Fachin.

    Um dos que integra a força-tarefa é o governador do Paraná, o tucano Beto Richa.

    "Eu o defendo abertamente. Fachin é unanimidade no Paraná", afirmou à Folha.

    Ele já conversou com pelo menos cinco senadores do PSDB, inclusive Aécio Neves (MG). Enviou uma carta a todos os parlamentares em defesa do advogado, e ligou para governadores, fomentando uma mobilização pró-Fachin.

    O grupo tem feito uma especial movimentação na bancada ruralista, que desconfia do posicionamento de Fachin quanto à reforma agrária.

    "Tinha um diz-que-disse, esse tipo de fofoquinha, mas é algo lastimável", diz o secretário da Agricultura do Paraná, Norberto Ortigara –outro que está na força-tarefa. "Se não fosse alguém com boa qualificação, ele não teria nem sido indicado."

    PROJETO DE LEI

    Deputados têm propagandeado um projeto de lei, concebido por Fachin, que pretende introduzir na Constituição garantias ao produtor rural. Sua participação na câmara de arbitragem da Sociedade Rural Brasileira também tem sido destacada, como prova de sua imparcialidade.

    "Ele tem um conhecimento fantástico, uma alta qualificação", diz o presidente do TJ-PR, Paulo Vasconcelos.

    Advogados e magistrados com atuação no Paraná reforçam que Fachin jamais se posicionou, profissionalmente, de forma partidária.

    "Eu não quero acreditar que um conflito de mínima dimensão [entre Dilma e sua base aliada] possa sacrificar um nome da maior importância para o STF", diz o jurista e advogado René Dotti. "Seria algo absolutamente injusto, porque ele não é nenhum militante. É um pensador."

    "É uma campanha", afirma o deputado federal Sérgio Souza (PMDB-PR). Outros chamam o movimento de "paranista" –o Estado teve um ministro no STF, em 1894.

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