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    CPI da Petrobras quer convocar aliado de Renan para depoimento

    ANDRÉIA SADI
    RANIER BRAGON
    DE BRASÍLIA

    27/04/2015 02h00

    Aliados do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e integrantes da oposição na Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga a corrupção na Petrobras planejam convocar um aliado do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) para depor na CPI.

    A cúpula da comissão quer ouvir o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, afilhado de Renan que é apontado como elo do esquema na empresa, uma subsidiária da Petrobras responsável pelo armazenamento e pelo transporte de combustível.

    A convocação de Machado para depor poderá contribuir para um acirramento da disputa que Cunha, o presidente da Câmara, trava com Renan, que preside o Senado, por protagonismo no comando do Congresso e no PMDB.

    Na semana passada, eles divergiram publicamente após a aprovação pela Câmara do projeto que permite ampliar a terceirização do trabalho nas empresas, que Renan ameaça alterar no Senado.

    A cúpula da CPI planeja aproveitar um depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, marcado para o próximo dia 5, para criar um pretexto que permita a convocação de Machado.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Costa, que em agosto passou a colaborar com as investigações da Operação Lava Jato, disse num depoimento em outubro que Renan recebia propina de empresas contratadas pela Transpetro, e afirmou que Machado uma vez lhe entregou R$ 500 mil.

    A expectativa na cúpula da CPI é que ele confirme o depoimento ao falar à comissão, e com isso ofereça a justificativa que ela precisa para convocar Machado para depor.

    A operação tem o apoio de partidos da oposição, do PMDB e do presidente da comissão, Hugo Motta (PMDB-PB), um aliado de Cunha.

    Ex-senador eleito pelo Ceará, Machado presidiu a Transpetro por 12 anos. Ele chegou à empresa em 2003 por indicação de Renan, no início do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e saiu em fevereiro deste ano.

    Machado só deixou o cargo por causa da pressão exercida pelos auditores da PricewaterhouseCoopers, empresa que examina os balanços da Petrobras e impôs o afastamento do ex-senador como condição para aprová-los.

    SOB SUSPEITA

    Renan e Cunha também são investigados por suspeita de envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobras. Os processos foram abertos no início de março e são conduzidos em sigilo pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

    Paulo Roberto Costa apontou Renan como um dos políticos que garantiram o apoio do PMDB à sua manutenção como diretor da Petrobras, em troca de propina recolhida nos contratos da sua área.

    O doleiro Alberto Youssef, um dos principais operadores do esquema, afirmou às autoridades que Cunha recebeu propina num contrato da Petrobras com a coreana Samsung, e uma testemunha disse ter entregue dinheiro ao deputado a pedido do doleiro.

    Os presidentes da Câmara e do Senado estão em pé de guerra desde a semana passada, quando Renan indicou que pretende atrasar a votação do projeto sobre terceirização, que foi aprovado na Câmara com grande empenho de Eduardo Cunha.

    O deputado comandou pessoalmente a votação do projeto na quarta-feira (22). Depois disso, Renan afirmou que o assunto será analisado "sem pressa" no Senado. O projeto tem o apoio dos empresários, mas enfrenta oposição do PT e da maioria dos sindicatos de trabalhadores.

    Desde então, deputados dizem nos bastidores que há grande insatisfação na Câmara com a atuação de Renan e uma disposição de criar desgaste para o presidente do Senado nos próximos dias.

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