• Poder

    Tuesday, 30-Apr-2024 09:41:54 -03

    'PT renega seus princípios', diz Marta Suplicy, que deixa o partido

    GUSTAVO URIBE
    CÁTIA SEABRA
    DE SÃO PAULO

    28/04/2015 12h09 - Atualizado às 15h38

    A senadora Marta Suplicy (PT-SP) enviou na manhã desta terça-feira (28) aos diretórios municipal, estadual e nacional do PT em São Paulo pedido formal de desfiliação do partido. Os documentos, que têm quatro páginas, foram entregues por representantes da senadora petista.

    A expectativa é que seja protocolado também nesta terça o pedido de desfiliação na Justiça Eleitoral de São Paulo.

    A informação da formalização da saída da petista foi antecipada pelo Painel.

    Na carta em que justifica sua saída do partido, a senadora ressalta que os princípios e o programa partidário do PT "nunca foram tão renegados pela própria agremiação, de forma reiterada e persistente" (leia, abaixo, a carta).

    Segundo a Folha apurou, a senadora informou ao PSB que se filiará à legenda até o final de junho. Para ser candidata à Prefeitura de São Paulo em 2016, ela precisaria estar filiada a um partido até outubro, um ano antes da eleição municipal.

    A antecipação da decisão tem como objetivo dar mais tempo à senadora para articular uma candidatura competitiva, com o apoio de siglas como PPS, PV e Solidariedade.

    A filiação de Marta ao PSB conta com o apoio da cúpula nacional do partido, mas ainda encontra resistências entre lideranças da legenda em São Paulo. O receio é que, ao ser filiada, a petista transfira ao PSB parte da rejeição ao PT em São Paulo.

    Os petistas têm monitorado o ânimo da militância nos diretórios zonais diante dos ataques que a senadora tem feito ao governo federal.

    Marta fala sobre desfiliação do PT

    'OPORTUNISMO'

    O secretário de Organização do PT, Florisvaldo Souza, afirmou que a carta é uma prova de oportunismo da senadora, que se se diz vítima de perseguição após ter questionado as denúncias de corrupção contra o partido.

    Segundo Florisvaldo, Marta jamais se manifestou internamente durante reuniões partidárias. Ele lembrou ainda que ela sempre ocupou espaço de relevância no PT e no governo. "A relação só desandou quando ela saiu do Ministério", diz Florisvaldo.

    "Simplesmente falar isso depois de tanto tempo é puro oportunismo. Vida que segue", afirmou.

    Autor do apelido "Martaxa" durante a gestão de Marta (2001-2004), o vereador Gilberto Natalini (PV) disse duvidar que Marta "tenha se reciclado". "A candidatura dela é boa para fragilizar a de Fernando Haddad. Mas eu teria muita dificuldade de apoiá-la caso o PV se aliasse a ela."

    CRÍTICAS

    Marta vem fazendo diversas críticas públicas ao PT e ao governo federal. No dia 15 de abril, em sua conta no Facebook, afirmou que o Estado brasileiro "vem se portando como agiota" no caso da renegociação da dívida de Estados e municípios com a União.

    O governo federal quer jogar a mudança no indicador, que reduzirá o valor das dívidas, para 2016. "Tudo indica que teremos retração econômica, desemprego, demanda enorme de serviços públicos. O mínimo que podemos fazer pelas cidades e estados é garantir que o alívio da dívida aconteça este ano", escreveu.

    Em março, um artigo da senadora em sua coluna na Folha irritou petistas ao se referir ao ao escândalo da Petrobras como "roubalheira" e dizer que a presidente está reunindo as duas condições que levam "a vaca para o atoleiro": "negação da realidade e trabalhar com a estratégia errada".

    No artigo, a petista diz que tentar creditar a crise da Petrobras a FHC é "diversionismo". Ela ainda chancela as acusações da oposição, em especial do senador Aécio Neves (PSDB-MG), de que Dilma mentiu durante a campanha eleitoral para se reeleger.

    "Afunda-se o país e a reeleição navega num mar de inverdades, propaganda enganosa cobrindo uma realidade econômica tenebrosa, desconhecida pela maioria da população", escreveu.

    O artigo foi interpretado pelo PT como um passo na estratégia da senadora de se divorciar do partido e embarcar em outra sigla, o PSB, para concorrer à Prefeitura de São Paulo em 2016.

    No começo do ano, em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo" ela disse que o PT, partido que ajudou a fundar, "ou muda ou acaba".

    *

    Editoria de Arte/Folhapress

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024