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    Policiais e professores entram em confronto em Curitiba

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    28/04/2015 12h12

    Estelita Hass Carazzai/Folhapress
    Veículo do Batalhão de Fronteira do Paraná, que atua a quase 600 km de Curitiba, durante cerco à Assembleia do Paraná nesta terça (28)
    Carro do Batalhão de Fronteira do Paraná, que atua a quase 600 km de Curitiba, presta apoio durante ato

    Com spray de pimenta e bombas de gás, policiais militares e professores do Paraná entraram em confronto nesta terça-feira (28) em Curitiba, próximo à Assembleia Legislativa, onde é votado um projeto que pretende mudar a previdência dos servidores estaduais.

    Os manifestantes, que eram cerca de 1.500, tentavam chegar ao Legislativo do PR com um carro de som. Um perímetro de segurança, porém, foi traçado pela polícia, a cerca de 100 metros do prédio –uma ordem judicial impede que os manifestantes ocupem o plenário, como ocorreu em fevereiro.

    O perímetro aumentou de segunda (27) para hoje, quando os protestos começaram: agora, toda a rua em frente à Assembleia está cercada por grades, e a entrada de carros de som tem sido impedida pela polícia. Após ordem judicial, foi o governador Beto Richa (PSDB) quem escalou a PM para cerca o Legislativo paranaense.

    Estelita Hass Carazzai/Folhapress
    Bloqueio de policiais militares em frente à Assembleia do Paraná nesta terça (28)
    Bloqueio de policiais militares em frente à Assembleia do Paraná nesta terça (28)

    Pouco antes das 11h, o caminhão tentou se aproximar do bloqueio e avançou em direção à Assembleia numa brecha entre os carros da polícia, segundo relato de professores ouvidos pela Folha. Nesse momento, bombas de gás e sprays de pimenta foram lançados contra os manifestantes.

    "Não houve nenhuma tentativa de depredação. As pessoas estavam com a mão para o alto", diz Ronaldo Nascimento, 54, professor da UEL (Universidade Estadual de Londrina).

    Em seguida, um jato de água também foi lançado contra os manifestantes. O carro avançou alguns metros, mas parou em seguida, na praça Nossa Senhora de Salete, ainda distante da sede do Legislativo estadual –onde haverá votação à tarde.

    "Foi uma truculência. Jogaram água e bomba em cima do povo que estava correndo", relata Adriana Farias, também professora da UEL.

    Por volta das 12h, os policiais recuaram o bloqueio e permitiram a entrada do carro de som na rua em frente à Assembleia.

    MADRUGADA

    Policiais e professores já haviam entrado em confronto na madrugada também por causa de um caminhão de som. Os PMs pediram a retirada dos carros que estavam em frente à Assembleia, mas os manifestantes resistiram.

    A polícia, que argumenta que os carros estavam dentro do perímetro de segurança, usou spray de pimenta para afastar os professores.

    "A indignação só aumenta. O governo montou uma operação de guerra", diz Marlei Fernandes, diretora da APP Sindicato (que representa os professores).

    Pela manhã, os manifestantes gritavam "ei, polícia, vai prender o Beto Richa" e "servidor não é bandido".

    Além dos professores, os servidores do Judiciário, agentes penitenciários e servidores da saúde também entraram em greve nesta semana em protesto contra a mudança na previdência.

    ORDEM JUDICIAL

    Em nota da Secretaria de Segurança do Paraná, o governo informou que está cumprindo a ordem judicial que impede a invasão da Assembleia, e que agirá "em consonância com o livre direito constitucional de manifestação, mas com o devido rigor com qualquer pessoa que venha a danificar o patrimônio público e privado".

    "Há um exagero na condução desse processo. A ordem é para a Assembleia, e não para as ruas, para a praça", contestou Farias.

    O governo também afirma que integrantes do movimento black-bloc foram convocados, pelas redes sociais, para participarem do protesto.

    Os professores, em greve desde segunda (27) por causa do projeto da previdência, permanecem na praça em frente à Assembleia. Não houve novos focos de confronto.

    Com a manifestação, os deputados iniciaram a votação do projeto com proteção policial.

    A APP Sindicato repudiou a acusação de que haveria black-blocs na manifestação. "É só o [Fernando] Francischini [secretário de Segurança] pra dizer isso. É uma vergonha para todos nós", afirmou o presidente Hermes Leão. "Está todo mundo vendo, gente. Quem é que estava de rosto coberto? Ninguém."

    Para ele, o governo Richa "instalou a ditadura no Paraná". "O governo se acha no direito de mandar no espaço público, de restringir a liberdade coletiva."

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