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    Após confronto com ao menos 180 feridos, polícia desfaz cerco no Paraná

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    30/04/2015 10h45

    Depois do confronto entre PMs e manifestantes que deixou pelo menos 180 feridos no Paraná –sendo 63 hospitalizados–, a polícia desfez nesta quinta-feira (30) o cerco em torno da Assembleia Legislativa, em Curitiba, que aprovou projeto que altera a previdência dos servidores públicos estaduais.

    Dos 1.600 policiais escalados pelo governador Beto Richa (PSDB) para cercar o prédio nesta quarta(29), quando o projeto foi votado, restavam apenas quatro viaturas na manhã desta quinta. As grades de segurança foram retiradas, e a praça em frente ao local –onde ocorreram os conflitos com bombas de gás, balas de borracha e jatos de água– foi liberada.

    Apesar dos protestos, o projeto do governo Richa foi aprovado, por 31 votos a 20, depois de duas horas de confronto com manifestantes.

    Na praça, pela manhã, garis retiravam o que restou do acampamento dos manifestantes: um colchão inflável sujo de terra, lonas, uma vela da vigília das últimas noites, copos de plástico e uma bandeira da APP Sindicato (que representa os professores).

    O número de feridos ainda é controverso: a Prefeitura de Curitiba diz ter feito 160 atendimentos na rede municipal e nos hospitais. Há ainda 20 policiais feridos, segundo o governo –o que soma os 180. Já a administração tucana afirma que foram 60 manifestantes feridos.

    'LUTO'

    Servidores e professores estaduais, que entraram em greve contra o projeto, fariam uma reunião pela manhã para definir os próximos passos. A ideia era fazer um ato em protesto contra a aprovação do projeto ainda nesta quinta, e estimular quem fosse solidário a vestir preto, num ato de "luto pela educação".

    Nesta manhã, um grupo de 15 estudantes de pedagogia da PUC-PR foi à praça em frente à Assembleia vestido de preto e com cartazes pedindo "luto pela democracia e pela educação".

    "A gente viu pela televisão. A vontade era chorar. Foi horrível", diz a estudante Suelen Fabris, 27. "Ele [Richa] não teve sensibilidade. Porque a população que estava aqui faz parte de quem o elegeu", comenta Josefa Dombroski, 41, também estudante da PUC.

    BLACK BLOCS

    Em entrevista à Folha nesta quarta, Richa defendeu a ação da PM e afirmou que que quem agiu com ''truculência'' não foi a polícia, mas black blocs identificados pelo governo na manifestação.

    "Partiram para cima dos policiais com as grades de contenção e estavam preparando coquetel molotov quando foram detidos'', afirmou.

    Richa acusou o PT e a CUT de inflar manifestantes. "O pessoal do PT, alguns do PMDB, PSOL e PSTU claro que instigaram. A CUT com presença forte aqui'', disse.

    Perguntado se não houve violência policial, quando confrontado com as informações de que uma das orientações dos policiais era usar o cassetete quando necessário, Richa respondeu: "Tem que analisar melhor as cenas. Mas o relato que recebo da Segurança Pública é que não houve violência, só contenção da massa que vinha para cima deles tentando invadir a Assembleia, principalmente com spray de pimenta e gás de efeito moral''.

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