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    Dilma não falará em 1º de Maio por não ter o que dizer, critica Renan

    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    30/04/2015 14h02

    Em mais uma ofensiva contra o governo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), subiu o tom contra a presidente Dilma Rousseff nesta quinta-feira (30) ao dizer que a petista não fará o tradicional pronunciamento à nação no dia 1º de Maio, Dia do Trabalho, "por não ter nada a dizer" à população e que é preciso "deixar as panelas falarem".

    Para se posicionar em relação ao tema, o peemedebista propôs um "pacto pelo trabalho", com medidas que caberiam ao Executivo colocar em prática.

    "O governo tem que sair da paralisia, da falta de iniciativa. Essa coisa da presidente não poder falar no dia 1º de maio porque não tem o que dizer é uma coisa ridícula. Ridícula. Isso enfraquece muito o governo", disse.

    Pela primeira vez desde que assumiu o governo, Dilma não fará um pronunciamento em cadeia nacional direcionado aos trabalhadores. Ela postará vídeos nas redes sociais. Em seu último pronunciamento, no Dia da Mulher, em 8 de março, a panelaços foram registrados nas principais capitais brasileiras.

    Na semana passada, a Folha apurou que auxiliares da presidente sugeriram que ela só se exponha quando a crise política e econômica arrefecer, o que, na avaliação deles, não acontecerá no curto prazo. Publicamente, porém, o governo nega que a mudança se deva aos panelaços.

    "Não há nada pior do que a paralisia, a falta de iniciativa, o vazio. Nós fizemos a democracia no Brasil para deixar as panelas falarem, as panelas precisam se manifestar, vamos ouvir o que as panelas dizem. O que nós não podemos deixar acontecer no Brasil é a falta de iniciativa, a falta de ter que dizer", provocou Renan.

    Para aproveitar a data comemorativa, o peemedebista propôs o pacto pelo trabalho para que o governo o assuma temporariamente, enquanto perdurar a crise econômica no país.

    Renan citou como exemplos, o estímulo da economia com mais compras governamentais e o aumento do crédito da Caixa Econômica, do Banco do Brasil e do BNDES para empresas que preservarem o emprego e criarem novos postos de trabalho, mantendo a desoneração da folha de pessoal para esses setores.

    "Por isso eu estou propondo um pacto em defesa do emprego. Assim como nós temos meta de inflação, meta de superávit fiscal, nós precisamos ter meta de emprego", disse.

    AGENDA

    Questionado se as medidas propostas não isentam o Legislativo da tarefa de conduzir o pacto, já que ele parte do Senado, Renan afirmou que o "Executivo executa aquilo que o Legislativo propõe".

    "Passaríamos a discutir uma agenda. O país não tem uma agenda, não tem iniciativa. Há um vazio evidente que fragiliza o governo. Acho que é papel de todos do governo, governo é Executivo, Legislativo e Judiciário", afirmou.

    "São ideias, sugestões, propostas, e cabe ao congresso, que é o fiscal do ajuste, que cobra no dia a dia a qualidade do ajuste exatamente colocar esses assuntos em discussão. E, quem sabe, a presidente enxergue que é uma oportunidade para, em torno de propostas que serão discutidas, defender o emprego, da mesma forma que ela defende o ajuste, da mesma forma que ela defende a meta de superávit fiscal, da mesma forma que ela defende a meta de inflação", completou.

    Segundo Renan, as propostas ainda não foram discutidas com o governo e serão apresentadas oficialmente na próxima semana, quando ele fará um pronunciamento no plenário do Senado. O projeto, em tramitação no Senado, que regulamenta a terceirização no país, ficará de fora do pacote proposto por Renan.

    "Depois vou levar a presidente da República e espero que a presidente compre a ideia porque isso sem duvida nenhuma ajudara a presidente a preencher o vazio, a sair desse imobilismo e a ter iniciativas para comunicar no dia do trabalhador", afirmou.

    De acordo com Renan, o senador José Serra (PSDB-SP) seria um dos coordenadores do pacto, junto com outros parlamentares.

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