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    Renan critica articulação política e diz que PMDB não pode ser 'RH'

    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    30/04/2015 15h23

    Pedro Ladeira/Folhapress
    Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, que criticou a articulação política do governo
    Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, que criticou a articulação política do governo

    O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), criticou nesta quinta-feira (30) a condução da articulação política entre o governo e o Congresso conduzida pelo presidente do seu partido, o vice-presidente Michel Temer. Sem acusá-lo claramente de estar distribuindo cargos, Renan afirmou que o PMDB não pode se transformar em um "coordenador de RH".

    "O pior papel que o PMDB pode fazer é substituir o PT naquilo que o PT tem de pior que é no aparelhamento do Estado. [...] O PMDB não pode transformar a coordenação política, sua participação no governo, em uma articulação de RH, para distribuir cargos e boquinhas. Eu acho que isso tudo faz parte de um passado do Brasil que nós temos que cada vez mais deixa-lo para trás", atacou.

    Desde que assumiu o posto de articulador do governo, Temer negocia com nomes da base aliada indicações para os cargos de segundo escalão do Executivo, como presidências de bancos e de autarquias.

    "A condução do presidente Temer tem que ter como objetivo dar um fundamento à coalizão, qualificar a coalizão de governo. [...] O papel é esse, não o retrocesso que essa distribuição de cargos significa. Não se trata de saber quem é o dono da coalizão. Trata-se de acabar com o aparelho. Não adiante mudar o dono do aparelho", afirmou.

    Renan voltou a dizer que não quer indicar cargos para o Executivo. Questionado se pediria para quem já foi indicado por ele a deixar seus cargos, Renan não respondeu. "Não vou indicar cargo no Executivo. Esse papel hoje é incompatível com o Senado independente. Prefiro manter a coerência do Senado independente não participando de forma nenhuma de indicação de cargos no Executivo", afirmou.

    PRESSÃO

    Apesar de falar publicamente que não quer ter cargos no governo, a briga de Renan com o Planalto se intensificou após a demissão do ex-ministro do Turismo Vinícius Lages, parte da cota de Renan, substituído por Henrique Eduardo Alves, nome bancado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

    No início do mês, a presidente Dilma Rousseff fez um aceno ao peemedebista para apaziguar os ânimos ao nomear Jorge Bastos na diretoria-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), indicado de Renan.

    O governo chegou a oferecer postos para Lages como uma compensação a Renan, mas o peemedebista se irritou e abrigou o ex-ministro na chefia de seu gabinete no Senado.

    O senador, segundo aliados, não queria que atribuíssem a ele qualquer nova indicação para postos no governo, já que assumiu campanha a favor de que a presidente enxugue a máquina pública. Apesar do discurso, no entanto, integrantes do governo relatam que havia uma lista de pendências do presidente do Senado acertada desde dezembro com sugestões de nomes para o governo.

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