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    Instituto Lula nega que ex-presidente seja lobista

    DE SÃO PAULO
    DE BRASÍLIA

    04/05/2015 19h47

    O Instituto Lula negou nesta segunda-feira (4) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atue como lobista ou consultor. Numa nota em resposta a uma reportagem da revista "Época", negou ainda que ele esteja sendo investigado pela Procuradoria da República em Brasília.

    De acordo com a revista, que classifica Lula como "o operador" em sua capa, o petista é suspeito de usar sua influência para facilitar negócios da empreiteira Odebrecht com governos estrangeiros. Em alguns casos, as obras seriam financiadas pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

    O instituto nega que Lula seja lobista –"o ex-presidente faz palestras e não lobby ou consultoria"– e que Cuba, Gana, Angola e República Dominicana estão entre os principais destinos de viagem do petista – "o mais visitado foi os Estados Unidos (6 viagens)". Diz ainda que a revista "mente" ao dizer que a maioria das viagens de Lula foi bancada pela Odebrecht.

    De acordo com a nota, há apenas um "procedimento preliminar" iniciado por um único procurador –Anselmo Lopes. A iniciativa tanto pode se desdobrar em inquérito ou pode ser arquivada.

    A instituição ainda acusa a revista de criminalizar a atuação do Itamaraty em favor de empresas brasileiras no exterior, uma prerrogativa do Ministério das Relações Exteriores, e de construir "teorias malucas" sobre a ida do ex-ministro e diretor do Instituto Lula, Luiz Dulci, à República Dominicana em novembro de 2014. De acordo com o instituto, Dulci foi convidado a falar sobre as políticas sociais brasileiras.

    Em outra crítica à revista, o instituto do ex-presidente afirma que foi contatado pela "Época" três horas antes do fechamento da edição e que não teve oportunidade de esclarecer as dúvidas da publicação pessoalmente.

    O procurador Anselmo Lopes, do 4º Ofício de Combate à Corrupção da Procuradoria da República no Distrito Federal, confirmou que existe apuração contra o ex-presidente: "A investigação que trata de possível tráfico internacional de influência cometido, em tese, pelo ex-presidente Lula da Silva, apesar de ter iniciado a partir de despacho por mim firmado, hoje está sob a direção de outro membro do Ministério Público Federal", escreveu em seu perfil nas redes sociais.

    APURAÇÃO

    A Procuradoria no Distrito Federal está analisando reportagens publicadas pela imprensa sobre as relações do ex-presidente Lula com empreiteiras que conquistaram contratos fora do país. O objetivo é apurar se Lula cometeu crime de tráfico de influência.

    Até o momento, de acordo com a procuradora responsável pelo caso, Mirella Aguiar, não há nenhuma prova contra o ex-presidente. "Os documentos são narrativos, e provas teriam que ser buscadas. Reportagens de jornal não são provas", explicou Mirella.

    Depois de deixar o Palácio do Planalto, Lula fez diversas viagens ao exterior, principalmente a países da África e da América Latina, com as despesas bancadas por grandes construtoras do país.

    Paralelamente, essas empresas, entre elas a Odebrecht, conquistaram contratos internacionais. Parte das obras contou com recursos do BNDES.

    A procuradora ainda não terminou de analisar todas as reportagens publicadas pela mídia. Nesse momento, há um curso a chamada notícia de fato, um procedimento anterior à instauração de inquérito.

    Mirella Aguiar tem pelo menos 30 dias para decidir, entre outras possibilidade, se instaurar uma investigação para aprofundar a apuração. Ela não adiantou quais medidas irá tomar após a análise do material. A procuradora disse que ninguém ligado ao ex-presidente Lula a procurou.

    "A gente autua tantas coisas todos os dias. Esse (caso) só chamou atenção porque envolve ele (Lula)", disse Mirella. Ela acrescentou ainda que, por se tratar de algo tão embrionário, não há como solicitar quebra de sigilos.

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