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    Rachado, PT não consegue posição a favor do ajuste fiscal de Dilma

    RANIER BRAGON
    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    05/05/2015 15h30

    Após mais de duas horas de reunião, a bancada de deputados federais do PT ainda não fechou posição favorável aos projetos de ajuste fiscal propostos pelo governo Dilma Rousseff, pacote que deve passar pelo seu teste de fogo nesta terça-feira (5) no plenário da Câmara.

    O encontro a portas fechadas contou com a presença do ministro Ricardo Berzoini (Comunicações), que integra a coordenação política de Dilma, e do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).

    Apesar de apelos dos governistas, entre eles o de que uma oposição da bancada do PT seria mortal para o ajuste, os deputados petistas se dividiram sobre as medidas que restringem direitos trabalhistas e previdenciários. A reunião foi suspensa pouco antes das 15h e será retomada no final da tarde.

    Na noite desta terça, o plenário da Câmara deve iniciar a votação da medida provisória 665, que tem como ponto principal o aumento do período de trabalho para que a pessoa que for demitida peça pela primeira vez o seguro-desemprego. Hoje ela precisa ter trabalhado pelo menos seis meses. O governo propôs a ampliação para 18 meses, mas o projeto já foi flexibilizado na comissão mista que analisou a MP (passo anterior à votação no plenário) –ficando em 12 meses.

    A posição do PT é crucial no andamento do pacote no Congresso. O PMDB anunciou que só apoiará as medidas caso o PT o faça.

    "Vamos ver se o PT vai para a base [governista]. O PMDB seguirá o que o PT definir ", ironizou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Temos convicção de que o país precisa de um ajuste fiscal. Esperamos que o PT tenha essa convicção. Se não tiver, obviamente nossa convicção será abalada", reforçou o líder da bancada do PMDB, Leonardo Picciani (RJ).

    O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores, Vagner Freitas, também foi à reunião do PT e manifestou posição contrária ao pacote de Dilma. "Não podemos ajustar contas do governo em cima dos direitos dos trabalhadores, a posição da CUT é contrária", afirmou Vagner, que é filiado ao PT.

    Na entrada da retomada da reunião do PT –reaberta por volta das 17h–, Berzoini disse que o PT tem que dar o exemplo de solidariedade a Dilma neste momento.

    "O PT é o partido da presidenta, é um partido que tem vários ministros, como eu. É claro que o PT tem sua autonomia como bancada, para debater, para divergir, mas temos que mostrar em uma votação importante como essa que o partido está alinhado com esse esforço da presidenta Dilma de organizar o Orçamento e a economia como um todo, a partir dessa conjuntura que vivemos", afirmou.

    Ele disse ainda ver com normalidade a disposição do PMDB de tirar uma "casquinha" dos petistas, em resposta às críticas recebidas durante a tramitação do projeto de regulamentação das terceirizações.

    Além do Berzoini, estão na segunda parte da reunião Miguel Rossetto ( Secretaria Geral), Pepe Vargas (Direitos Humanos e ex-articulador político do governo) e Carlos Gabas (Previdência).

    LEVY

    Horas antes de o Congresso colocar em votação medidas do ajuste fiscal, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta terça que a aprovação do ajuste precisa ser feita "o mais rápido possível" para que o Brasil volte para a rota do crescimento e do aumento de emprego.

    "[A provação do ajuste] é o primeiro passo do que a gente precisa fazer para voltar para a rota de crescimento e aumento de emprego", declarou o ministro.

    Segundo Levy, a proximidade da aprovação das medidas do ajuste referentes a mudanças na legislação trabalhista e previdenciária animou o mercado e provocou alta na Bolsa de Valores. "É uma demonstração de confiança, de que a economia está encontrando novos rumos."

    O ministro participou de uma reunião nesta terça com o vice-presidente Michel Temer, articulador político do governo Dilma Rousseff, o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), e o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE).

    Questionado sobre as mudanças que precisaram ser feitas pelo governo nas medidas do ajuste, Levy disse que é necessário "manter a integridade das medidas, que não retiram nenhum direito do trabalhador".

    "São medidas que, na verdade, consertam brechas que iam até contra os programas [sociais do governo", explicou.

    Levy saiu do encontro com Temer, Delcídio e Eunício pouco após às 13h e seguiu para um almoço com a Frente Parlamentar da Agropecuária. Os três permaneceram reunidos. O vice-presidente quer garantir a aprovação das medidas ainda esta semana, sem surpresas de última hora para o governo.

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