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    Lava Jato

    Depoimento de ex-técnico da Câmara reforça suspeita contra Cunha, diz PGR

    DE BRASÍLIA

    08/05/2015 21h13

    O depoimento de um ex-funcionário da Câmara reforça as suspeitas de que o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é o verdadeiro autor de dois requerimentos que cobravam fiscalização à empresa Mitsui, investigada no esquema de corrupção da Petrobras.

    Como a Folha revelou na semana passada, nos registros internos da Câmara, o nome de Cunha aparece no campo "autor" dos dois documentos.

    Segundo o doleiro Alberto Youssef, ambos requerimentos, entregues à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara em 2011, tinham por objetivo pressionar os controladores da Mitsui. De acordo com o doleiro, a empresa havia suspendido o pagamento de propina ao PMDB.

    O ex-técnico de informática da Câmara Luiz Antonio Eira confirmou à PGR (Procuradoria-geral da República) que, no sistema interno, o nome de Cunha consta como autor dos arquivos.

    Os requerimentos, porém, foram autenticados e assinados pela ex-deputada Solange Almeida (PMDB), hoje prefeita de Rio Bonito (RJ).

    Luiz Antonio Eira foi chamado a depor no dia em que a Folha publicou a reportagem sobre a autoria das solicitações. Ele acabou demitido da Câmara, conforme noticiou a Folha.

    Em depoimento aos procuradores, Eira diz que foi dispensado por ordem de Cunha. Contou que o diretor-geral da Casa, Sérgio Sampaio, disse que o presidente havia exigido a demissão por desconfiar que estavam ocorrendo vazamentos.

    Segundo Eira, Sérgio Machado afirmou que a intenção de Eduardo Cunha ao dispensá-lo era "dar um exemplo".

    Eira também explicou o funcionamento do sistema de registro de requerimentos e disse que a informação sobre o autor de cada documento é fornecida por meio de senha "pessoal e intransferível".

    Para a PGR, os esclarecimentos prestados por Luiz Antonio Eira "reforçam as suspeitas de que os arquivos foram de autoria (...) de Cunha e apenas inseridos no (sistema) pela então deputada Solange Almeida".

    A afirmação consta no documento que a PGR solicita ao STF (Supremo Tribunal Federal) a realização de uma diligência na Câmara, o que acabou ocorrendo na segunda (4) e terça-feiras (5).

    Os procuradores argumentaram ao Supremo que havia risco de que fossem "destruídas, alteradas ou suprimidas provas, especialmente os registros do sistema" da Câmara.

    OUTRO LADO

    Procurador, o deputado Eduardo Cunha reafirma não ter sido o responsável pelos requerimentos.

    Argumenta que "todos os deputados" fornecem suas senhas para um ou mais servidores de confiança e que a ex-deputada Solange Almeida frequentemente pedia auxílio aos seus assessores.

    Cunha lembra que o empresário Julio Camargo, que seria representante da Mitsui, nunca confirmou a versão de Youssef de que a empresa fora chantageada.

    O presidente da Câmara, por fim, voltou a afirmar que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, está agindo deliberadamente para tentar constrangê-lo, sem que tenha provas contra Cunha.

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