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    Lava Jato

    Em primeiro dia de CPI em Curitiba, cinco ficam calados

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA
    LUCAS LARANJEIRA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM CURITIBA

    11/05/2015 19h43

    Geraldo Bubniak/AGB/Folhapress
    CPI da Petrobras ouve o doleiro Alberto Youssef, na sede da Justiça Federal em Curitiba (PR)
    CPI da Petrobras ouve o doleiro Alberto Youssef, na sede da Justiça Federal em Curitiba (PR)

    No primeiro dia de depoimentos da CPI da Petrobras em Curitiba, cinco dos sete convocados permaneceram em silêncio.

    Somente o doleiro Alberto Youssef, principal delator da Operação Lava Jato, e Iara Galdino, que trabalhava com doleiros ligados a Youssef, falaram.

    Em depoimento de quase quatro horas, Youssef voltou a afirmar, entre outros fatos já trazidos em sua delação, que o Palácio do Planalto sabia do esquema de desvio de dinheiro em obras da Petrobras, mas disse não ter provas do fato.

    "A opinião é minha. É o meu sentimento. Agora, prova, não tenho", declarou.

    Já Iara, que foi condenada a quase doze anos de prisão por evasão de divisas e corrupção, disse à CPI que era um "braço direito" da doleira Nelma Kodama e seu empregado Lucas Pacce Júnior, e afirmou que não sabia da origem ilegal do dinheiro movimentado nas empresas que ela abria.

    Os outros cinco convocados, todos presos em Curitiba –o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, o lobista Fernando Soares Baiano, o operador Mario Goes e os empresários Adir Assad e Guilherme Esteves–, optaram por ficar calados.

    "Fica prejudicado o trabalho, certamente. Quem falou mais foi o Youssef, mas nada de novo; foi mais do mesmo", disse o relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ).

    O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) discorda: diz que o depoimento do doleiro foi "demolidor". "Ele apontou uma cadeia de comando que vai até o topo do governo federal", disse.

    Para o presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), mesmo com a repetição das informações conhecidas por parte de Youssef, houve uma evolução, especificamente quanto às discordâncias entre o doleiro e outros depoentes que já falaram na CPI.

    "Nós podemos evoluir para as acareações, já que ele [Youssef] se dispôs a fazer. Existem informações divergentes, e nós precisamos ir a fundo para saber quem está com a verdade", afirmou o deputado.

    NOVAS INFORMAÇÕES

    Motta disse que a CPI ainda pode trazer novidades à investigação, principalmente a partir da contratação da Kroll, empresa de investigação financeira, feita em março deste ano.

    "Há fortes indícios de que existem recursos em contas no exterior que não estão no âmbito das delações premiadas", afirmou o presidente da comissão.

    Nesta segunda-feira, Youssef foi questionado pelo deputado Altineu Côrtes (PP-RJ) sobre uma suposta conta corrente dele no exterior, que seria mantida pelo delator em conjunto com o ex-deputado José Janene (PP), morto em 2010.

    A informação foi repassada pela viúva de Janene, Stael Fernanda Janene, aos deputados da CPI.

    A conta seria sediada em Luxemburgo, e, de acordo com Côrtes, tinha um saldo de 185 milhões de euros –ou cerca de R$ 600 milhões, em cotação atual. Stael acusa o doleiro de, com uma procuração, ter se apropriado deste saldo.

    Em depoimento, Youssef negou que tenha tido qualquer conta conjunta com Janene. "Não procede; não tenho conhecimento disso. Nunca tive conta conjunta com o deputado, nem procuração para isso", afirmou o doleiro.

    A CPI pretende investigar o tema, com a ajuda da Kroll, e apresentar novas informações a respeito até o início de junho.

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