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    'Quem vai financiar campanhas?', disse Cunha para reverter votos

    ANDRÉIA SADI
    DE BRASÍLIA

    29/05/2015 02h00

    Após a dupla derrota na sessão que votou itens da reforma política na terça (26), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), comandou em menos de 24 horas uma ofensiva para reverter votos contrários às doações eleitorais de empresas.

    O principal argumento de Cunha para convencer deputados, e repetido em conversas reservadas, foi: "Quem é que vai financiar as campanhas? Não vai ter dinheiro em 2016 porque o financiamento público não vai passar", disse, segundo relatos.

    Procurado pela Folha, o peemedebista disse que só "coordenou o despertar" da Casa. "O pessoal acordou."

    Ainda na terça, Cunha convocou reunião com líderes partidários para mapear os votos que derrubaram o distritão e as doações de empresas.

    Com a lista em mãos, comandou a operação, telefonou a pelo menos 15 parlamentares, pediu a ajuda de líderes partidários com suas bancadas e do vice-presidente, Michel Temer (PMDB), para pressionar dissidentes.

    Cunha ligou para 6 dos 14 que votaram contra no PMDB. O líder do partido, Leonardo Picciani (RJ), ligou para outros quatro. As traições na bancada caíram de 14 para 4 deputados. Líderes da oposição também foram acionados.

    Para Celso Russomanno (PRB-SP), pré-candidato à sucessão de Fernando Haddad (PT) na Prefeitura de São Paulo, o recado foi direto: "Quem é que vai financiar sua campanha a prefeito?".

    A principal virada na votação ocorreu no PRB. Na véspera, a sigla havia dado 18 votos contra o financiamento a candidatos e partidos. Na quarta, a bancada de 20 deputados votou a favor das doações apenas às legendas.

    Cunha apelou até ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). Ao encontrá-lo, brincou que ele iria se aposentar porque não ia ter financiamento e só o PT teria candidato.

    Deputados de siglas nanicas relataram que Cunha e aliados ameaçavam votar projeto que sufoca a existência dessas siglas. Partidos médios obtiveram a promessa de que não seria aprovado o fim das coligações para deputados e vereadores, o que de fato ocorreu nesta quinta (28).

    Irritado com a derrota, Cunha disse a aliados que a votação da quarta foi uma "reação" ao que chamou de interferência do Planalto.

    Para ele, Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Gilberto Kassab (Cidades) articularam em conjunto para derrotá-lo na votação do distritão.

    Editoria de Arte/Folhapress
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