• Poder

    Thursday, 02-May-2024 20:47:26 -03

    PF faz operação sobre apreensão de dinheiro com empresário ligado ao PT

    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    29/05/2015 08h45

    Ed Ferreira/Folhapress
    Equipe da Policia Federal cumpre mandado de busca e apreensão em Gráfica Brasil de Brasília
    Equipe da Policia Federal cumpre mandado de busca e apreensão em Gráfica Brasil de Brasília

    A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira (29) a Operação Acrônimo, com 400 homens cumprindo 90 mandados de busca e apreensão em 60 empresas e 30 residências nos Estados de Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul, além do Distrito Federal.

    A operação é consequência de investigação que começou em outubro do ano passado, durante as eleições, quando a PF apreendeu R$ 113 mil em espécie dentro de um avião que acabara de pousar no aeroporto de Brasília vindo de Belo Horizonte (MG).

    No avião estava o empresário do setor gráfico Benedito Rodrigues, o Bené, que trabalhou em campanhas eleitorais do PT e mantém diversos contratos com o governo federal. A Folha apurou, na época, que os contratos previam pelo menos R$ 200 milhões.

    Em 2010, ele esteve no centro do escândalo no qual foi descoberto um bunker para produção de dossiês contra tucanos, montado pela pré-campanha de Dilma Rousseff à Presidência.

    Também estava no avião Marcier Trombiere Moreira, ex-assessor do Ministério das Cidades –dominado pelo PP. Ele havia pedido licença do governo naquele ano para trabalhar na campanha de Fernando Pimentel, ex-ministro do governo Dilma Rousseff e eleito governador de Minas pelo PT.

    Trombiere afirmou, na época, que estava de carona no avião monitorado pela polícia e que carregava cerca de R$ 6.000 sacados de sua própria conta bancária para eventuais despesas médicas.

    Também na época, o presidente do PT, Rui Falcão, disse que a apreensão não poderia ser colocada na conta do partido. O mesmo fez a coligação de Pimentel, que afirmou que não não poderia ser responsabilizada pelos valores.

    O avião, um turboélice King Air avaliado em R$ 2 milhões, foi apreendido pela Justiça Federal a pedido da PF.

    7.out.14/Folhapress
    O empresário Bené sobe no avião em direção a Brasília na tarde de terça (7), em foto obtida pela Folha
    O empresário Bené sobe no avião em direção a Brasília no dia em que o dinheiro foi apreendido

    CONTRATOS

    Segundo a polícia, o objetivo da operação Acrônimo é "localizar eventuais documentos, valores e mídias que possam esclarecer a suspeita de que os valores que circulavam nas contas de pessoas físicas e jurídicas ligadas aos investigados vinham da inexecução e de sobrepreço praticados pelo grupo em contratos com órgãos públicos federais".

    Segundo a PF, os envolvidos são suspeitos de ocultar a origem do dinheiro por meio da técnica de "smurffing" –tentativa de evitar a identificação de movimentações fracionando valores– além de confusão patrimonial e do extensivo uso de "laranjas.

    A investigação, conforme a PF, durou oito meses e incluiu vigilância sobre os suspeitos.

    "As equipes de investigação também se detiveram sobre os dados existentes nos notebooks, smartphones, tablets, além de outros dispositivos e mídias apreendidos durante a ação no ano passado, cujos acessos foram autorizados pela Justiça. No total, mais de 600 gigabytes de informação relevante foram analisados, cruzados com outras fontes e bases de dados, além de passarem por um atento trabalho de mineração de dados", informou a PF.

    O nome da operação é uma referência ao prefixo do avião apreendido, PR ERE, que são as iniciais dos nomes dos filhos de Benedito.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024