• Poder

    Thursday, 02-May-2024 19:00:35 -03

    Lava Jato

    Procurador diz que advogado de Youssef desprezou acareação

    DE SÃO PAULO

    02/06/2015 02h00

    Um dos procuradores da República que atuam nas investigações da Operação Lava Jato apontou um advogado do doleiro Alberto Youssef como o autor da frase em que as contradições entre os delatores do caso foram comparadas a "bosta seca", ou seja, algo que não deveria ser tocado pelos procuradores.

    Em mensagem publicada em sua página pessoal no Facebook no fim de semana, o procurador Andrey Borges de Mendonça identificou o advogado Luiz Gustavo Flores como autor da comparação.

    A frase foi usada numa audiência recente para rebater uma sugestão do próprio doleiro para que fosse ouvido junto com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, num momento em que a proposta de acareação era contestada por alguns dos participantes do interrogatório.

    Procuradores da República e delegados da Polícia Federal que atuam na Lava Jato acompanharam a audiência, além de advogados do doleiro. Uma gravação com um trecho da audiência foi divulgada na semana passada pelo jornal "O Estado de S. Paulo".

    No vídeo, em que apenas o rosto de Youssef aparece, um dos presentes atacou a sugestão da acareação sugerindo que ela poderia trazer complicações: "Esse é o tipo de coisa que, quanto mais mexe, pior fica. Se volta, muda, aí pronto... A questão toda".

    Em seguida, outro participante do encontro, que Mendonça identificou como Flores, comentou: "É a teoria bosta seca: mexeu, fede".

    A Folha perguntou a Mendonça quem era o autor do primeiro comentário, mas ele pediu que a pergunta fosse feita à assessoria de imprensa da Procuradoria Geral da República. A assessoria informou que não tinha conseguido identificar o autor até a noite desta segunda-feira (1º).

    Na audiência com Youssef, pouco antes dessas manifestações, o procurador Mendonça reconheceu que havia divergências entre Youssef e Costa sobre o ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci e o senador Edison Lobão (PMDB-MA), e lembrou que houve tentativas de esclarecer as contradições, sem sucesso.

    "Aí essas coisas a gente perguntou, reperguntou... Chega um ponto que também não dá para a gente também... Se não, a gente vai estar até pressionando o senhor", afirmou Mendonça.

    Na quarta-feira (27), Mendonça negou desinteresse na acareação. "Nosso objetivo é chegar à verdade e não descartamos a acareação", afirmou. O advogado Luiz Gustavo Flores disse que prefere não se manifestar sobre o caso.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024