• Poder

    Friday, 03-May-2024 15:12:12 -03

    CGU aponta 19 falhas em contratos da União com empresário ligado ao PT

    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    02/06/2015 02h00

    7.out.2014/Folhapress
    O empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, embarca no bimotor no qual foi preso
    O empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, embarca no bimotor no qual foi preso

    A CGU (Controladoria-Geral da União) identificou 19 falhas consideradas graves e médias em 39 contratos celebrados de 2006 a 2013, entre órgãos do governo federal e a principal empresa controlada por Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené.

    A Gráfica Brasil assinou, entre 2006 e 2015, contratos que somam R$ 465 milhões com diversos ministérios, segundo a PF. Antes de 2006 e até 1998, o faturamento total da gráfica foi de apenas R$ 975 mil. Outra empresa de Bené fechou R$ 65 milhões em contratos com a União.

    Empresário de Brasília ligado ao PT, Bené prestou serviços à campanha do governador petista Fernando Pimentel (MG), em 2014.

    Bené foi preso pela Polícia Federal e libertado após fiança na última sexta (29), na Operação Acrônimo, sob suspeitas de lavagem de dinheiro e associação criminosa.

    Os documentos da CGU integram o inquérito aberto em outubro pela PF, e presidido pelo delegado Guilherme Torres, para apurar a apreensão de R$ 113 mil em um avião que transportava Bené e mais duas pessoas, incluindo Marcier Trombiere Moreira, que trabalhou no Ministério das Cidades e na assessoria da campanha de Pimentel.

    A CGU identificou sobrepreço, "falhas no projeto básico", renovação contratual "indevida" e "irregularidades na comprovação de aplicação" de recursos de um fundo com dinheiro público.

    Em um dos casos, a CGU notificou o Ministério das Cidades sobre "irregularidades [e] impropriedades" em um contrato de R$ 9 milhões. Conforme a CGU, houve "adesão indevida" a uma ata de preços de outro ministério, o do Turismo, manobra que levou à contratação da gráfica.

    OUTRO LADO

    Celso de Lemos, advogado, de Bené, disse que os indícios citados pela PF para obter mandados de busca e apreensão "não são claros". "A própria investigação ainda não foi concluída", disse. "Eles falaram muito, mas de substância mesmo, nada. Põe-se o carro na frente dos bois."

    O Ministério das Cidades informou que "está à disposição para fornecer as informações que forem necessárias para colaborar com todas as investigações em curso".

    Bené foi solto na última sexta após pagar multa, definida em R$ 78 mil pela PF. Foram soltos, ainda, Marcier, um primo de Bené –Pedro Augusto de Medeiros– e um funcionário do empresário.

    Lemos disse que vai pedir a impugnação do valor da multa, que considerou "surreal". Ele orientou seu cliente a não sair de Brasília sem comunicar a Justiça Federal, onde tramita o inquérito da Operação Acrônimo.

    A operação incluiu buscas em um endereço usado até 2014 pela atual primeira-dama de Minas Gerais, Carolina Oliveira Pereira. Em entrevista neste sábado (30), Pimentel disse que houve "um erro" da PF e negou quaisquer irregularidades nos serviços.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024