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    Condenado no mensalão, João Paulo participa de ato com petistas de Osasco

    CÁTIA SEABRA
    MOACYR LOPES
    DE SÃO PAULO

    05/06/2015 15h13

    Condenado no processo do mensalão e cumprindo pena em regime aberto, o ex-presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha (SP) discursou, nesta sexta-feira, para militantes petistas num ato realizado na sede do PT de Osasco.

    João Paulo fez uma análise de conjuntura e ditou orientações para que seus correligionários vençam a eleição municipal do ano que vem. Ao falar para cerca de 80 pessoas, ele relatou conversa que teve na véspera com o presidente estadual do PT, Emídio de Souza, sobre o tema.

    Usando um agasalho do São Paulo F.C., ele chegou à sede do PT de Osasco às 9h40. Os militantes que o cercavam foram orientados a não tirar fotos nem fazer postagens nas redes sociais. João Paulo abraçou correligionários e beijou crianças.

    No discurso de quase uma hora, João Paulo também reconheceu erros cometidos pelo partido, tanto no escândalo do mensalão como na Petrobras, mas afirmou que essa não é a causa principal das críticas ao PT.

    "O PT errou? Claro que errou. Errou demais. Errou no mensalão. Errou agora de novo. Mas não é por isso que o PT tem apanhado tanto", afirmou João Paulo, alegando que o partido é alvo de ataques de uma elite contrariada com a administração petista.

    "Temos que resistir", conclamou.

    Moacyr Lopes Junior/Folhapress
    João Paulo Cunha participa de café da manhã com militantes, na sede do PT em Osasco (SP)
    João Paulo Cunha participa de café da manhã com militantes, na sede do PT em Osasco (SP)

    Em dezembro de 2012, o STF (Supremo Tribunal Federal) determinou a suspensão dos direitos políticos dos condenados no processo do mensalão. Seguindo orientação de seus advogados, os condenados não cumprem atividades político-partidária desde então.

    Num artigo de 1997, o hoje ministro do STF Teori Zavascki sugere que a suspensão dos direitos políticos inclua a proibição de filiação partidária. "A perda ou suspensão dos direitos políticos traz aos cidadãos atingidos consequências muito mais abrangentes que as relacionadas com eventual e episódica participação em determinado pleito eleitoral", diz o texto.

    O ministro Marco Aurélio Mello afirma que a suspensão dos direitos políticos significa a perda temporária dos atributos necessários para que o brasileiro possa concorrer à eleição. Mas vê exagero na proibição de presença em reuniões de caráter partidário.

    Condenado por peculato (desvio de dinheiro) e corrupção, João Paulo cumpre pena em regime aberto desde fevereiro. Com isso, pode trabalhar e circular livremente durante o dia, sendo obrigado a se recolher em casa no período da noite. A pena é cumprida em Brasília, onde ele trabalha num escritório de advocacia.

    Este mês, João Paulo obteve autorização para viajar a São Paulo em comemoração ao seu aniversário, neste sábado (6).

    O seu aniversário foi também a justificativa para a realização do encontro desta sexta-feira "vamos tomar um café e bater um papo com sabor de conjuntura e outras lembranças", diz o convite. Na segunda-feira, ele terá novo encontro, dessa vez com sindicalistas.

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