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    Base petista quer mais autonomia para candidaturas municipais em 2016

    JOÃO PEDRO PITOMBO
    DE SALVADOR

    11/06/2015 12h11

    Na esteira do debate político da crise enfrentada pelo PT, deputados, prefeitos e líderes locais vão pressionar o partido por total autonomia para decidir as alianças municipais e eventuais candidaturas próprias nas eleições de 2016.

    Os petistas avaliam que o momento é de dar liberdade às bases do partido e ampliar a participação da militância. O assunto será tratado no 5º Congresso do PT, que começa nesta quinta-feira (11), em Salvador.

    Ao mesmo tempo em que se mobilizam para reforçar a autonomia municipal, petistas se movimentam por candidaturas próprias mesmo sem o apoio das cúpulas partidárias em capitais como Fortaleza, Salvador e Rio de Janeiro.

    Na capital cearense, aliados do prefeito Roberto Cláudio (Pros) esperam reciprocidade no apoio dado em 2014 pelo partido à candidatura do governador do Ceará, Camilo Santana (PT).

    Contudo, os petistas de Fortaleza defendem o lançamento de candidatura própria. O nome mais cotado é o da ex-prefeita Luiziane Lins (PT), que foi eleita em 2004 sem o respaldo da cúpula do partido, que apoiou Inácio Arruda (PCdoB).

    "Não temos nenhuma pretensão em apoiar a reeleição do prefeito. Espero que o partido mantenha a tradição de não interferir nas decisões municipais", diz o deputado estadual Elmano de Freitas (PT), presidente do diretório municipal do PT em Fortaleza.

    No Rio de Janeiro, um grupo de petistas capitaneado pelo senador Lindberg Farias e pelo ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro defendem o rompimento da aliança com o prefeito Eduardo Paes (PMDB) e o lançamento de candidatura própria.

    Pelo estatuto do partido, diretórios municipais têm liberdade para definir candidaturas próprias. Contudo, há registro de interferências como nas eleições do Recife em 2012, quando o senador Humberto Costa (PT) foi indicado pelo diretório nacional.

    Também existe o temor de que, por uma questão de estratégia, haja uma flexibilização da autonomia, assim como aconteceu com os diretórios estaduais.

    Em 2010, uma resolução do partido autorizou o diretório nacional a intervir contra alianças e candidaturas nos Estados que fossem consideradas prejudiciais a campanha presidencial.

    'AVANTE, CAMARADAS'

    A questão da autonomia nas eleições municipais foi levantada em pelo menos dois documentos recentes de militantes do partido.

    Na Bahia, um grupo de deputados federais, estaduais e ex-prefeitos lançaram o manifesto "Avante, Camaradas" há cerca de duas semanas no qual exige autonomia dos municípios para lançar candidaturas próprios.

    Assinam o documento os deputados federais Jorge Solla, Luiz Caetano e o ex-deputado Geraldo Simões, que são citados como possíveis candidatos a prefeito em Salvador, Camaçari e Itabuna, respectivamente.

    "Resolvemos reforçar a prerrogativa da autonomia depois que começaram a circular informações de que o diretório estadual queria poder decisório sobre candidaturas nas 35 maiores cidades da Bahia", diz Solla.

    Presidente do PT da Bahia, Everaldo Anunciação afirma que não há nada definido, já que a política de alianças e a tática para 2016 ainda estão em debate.

    "Mas é óbvio o partido tem uma política nacional e os diretórios municipais têm que segui-las. Temos que observar os casos em que é mais estratégico apoiar aliados em vez de ter candidato", afirma.

    No Maranhão, militantes tentaram emplacar uma Proposta de Resolução de Iniciativa de Filiados e Filiadas, instrumento previsto no estatuto para levantar questões para discussão interna, reforçando a autonomia.

    Segundo o documento, os diretórios municipais devem ter a palavra final já que "novos líderes e quadros do partido precisam de condições para se projetar".

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