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    Lava Jato

    Suíça aponta indício de suborno a Cerveró

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    12/06/2015 02h00

    Geraldo Bubniak/AGB/Folhapress
    O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró na chegada ao Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba (PR)
    O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró na chegada ao Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba (PR)

    Procuradores da Suíça enviaram um comunicado às autoridades brasileiras no qual dizem que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró recebeu US$ 300 mil em maio de 2009 naquele país de uma "potencial fornecedora da Petrobras" e que a transferência "deve ser qualificada como possível pagamento de suborno".

    O documento relata transferências de US$ 675 mil para contas de Cerveró, mas só os US$ 300 mil são tratados como possível propina.

    Em 2009, Cerveró estava na BR Distribuidora, depois de ter ocupado a diretoria da área Internacional da Petrobras. Ele foi demitido da BR dias depois de a Operação Lava Jato, que investiga desvios na Petrobras e na BR, ter sido deflagrada. Cerveró está preso desde janeiro sob acusação de ter recebido propina em contratos da estatal e já foi condenado a cinco anos de prisão por lavagem de dinheiro.

    A transferência para a conta de Cerveró foi feita por Alexandre Amaral de Moura, dono da Comtex Indústria e Comércio, que fabrica câmeras e equipamentos de vigilância, segundo os suíços.

    O site da Comtex afirma que uma empresa que trabalha com seus produtos, a Bellmetal, fornece equipamentos para plataformas da Petrobras.

    Moura disse à Folha que jamais vendeu "um palito" para a Petrobras ou BR.

    Um mês antes da transferência para Cerveró, o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa recebeu US$ 340 mil do dono da Comtex, também na Suíça, ainda de acordo com os documentos das autoridades suíças. Costa já se comprometeu a devolver todo o dinheiro que tem no país – cerca de US$ 30 milhões.

    Segundo os procuradores suíços, Cerveró manteve duas contas no Banco Heritage, abertas em nome de empresas com sede no Panamá e Belize, que são controladas pelo ex-diretor da estatal.

    OUTRO LADO

    O advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, diz que não poderia se pronunciar por não conhecer as transferências.

    O dono da Comtex afirma que jamais fez pagamentos a ex-diretores da Petrobras. "Não fiz transferências para esses bandidos. Minha empresa é idônea. Não tenho conta na Suíça". Com voz de choro, o empresário vaticinou: "Você vai acabar com a minha vida e da minha empresa".

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