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    Lava Jato

    Grupo Schahin repassou dinheiro a gerente da Petrobras, indica CPI

    ANDRÉIA SADI
    AGUIRRE TALENTO
    DE BRASÍLIA

    15/06/2015 16h53

    Patricia Araujo - 19.fev.2010/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 19 de fevereiro de 2010: Retrato de Salim Schahin, presidente da Camara de Comercio Arabe Brasileira. Materia referente ao aumento das exportacoes brasileiras para os paises arabes
    O ex-executivo Salim Schahin, do grupo Schahin

    A CPI da Petrobras encontrou indícios de que o Grupo Schahin, investigado na Operação Lava Jato, fez repasses de recursos para uma conta na Suíça usada pelo ex-gerente da estatal Pedro Barusco para receber propina.

    Os extratos dessa conta foram entregues por Barusco aos investigadores da Lava Jato após ter firmado acordo de colaboração premiada.

    A informação inicial do Ministério Público Federal era de que a conta sediada nas Ilhas Virgens Britânicas em nome da empresa S&S Finance Services Limited, que fez transferências a Barusco, tinha ligação com um operador da empresa Queiroz Galvão.

    Documentos obtidos pela CPI da Petrobras, porém, indicam que a empresa S&S Finance Services Limited pertence ao Grupo Schahin.

    Segundo delatores da Operação Lava Jato, o grupo integrava o cartel das empreiteiras que, de acordo com as investigações, fraudou concorrências na Petrobras para venda de equipamentos e serviços de construção civil.

    A Schahin é alvo de inquérito na Operação Lava Jato e já foi citada em depoimentos como uma das empresas integrantes do esquema de corrupção. Barusco afirmou em sua delação que "trocou" um crédito de propina devido pela Schahin com o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari, porque este teria uma boa relação com o grupo e receberia mais facilmente.

    Os papéis que atribuem à Schahin a propriedade da S&S constam de ação movida na Justiça de São Paulo pelo advogado Oswaldo André Fabris. Especialista na área financeira, ele acusa a empresa de ter dado o calote em investidores que adquiriram US$ 1,1 milhão em contratos cambiais.

    Fabris anexou ao processo uma declaração do então diretor-executivo do banco Schahin, Pedro Henrique Schahin, com firma reconhecida pelo 15º Cartório de Notas de São Paulo, de que a S&S Finance Services Limited pertencia ao banco.

    A juíza da 34ª Vara Cível de SP, Adriana Garcia, expediu um mandado em fevereiro deste ano determinando o pagamento da dívida. O oficial de Justiça, porém, não encontrou Pedro Schahin para intima-lo da decisão.

    A CPI da Petrobras havia conseguido localizá-lo, já que Pedro Schahin esteve na Câmara para prestar depoimento no último dia 27, junto a outros quatro integrantes do grupo. Todos, porém, optaram por ficar calados.

    REPASSES AO PT

    A partir desta informações, encaminhadas à comissão pelo deputado Altineu Côrtes (PR-RJ), um dos seus integrantes, a CPI investiga se os repasses a Barusco foram feitos pelo Grupo Schahin.

    Barusco, em sua delação, admitiu intermediar propina dos contratos com a Petrobras para o PT. Por isso, a cúpula da CPI suspeita que recursos da Schahin possam ter abastecido o partido.

    "Toda a documentação entregue será levada em conta na conclusão das investigações. Vamos apurar e pedir a punição dos eventuais culpados", disse à Folha o presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB).

    Vaccari e o PT negam o recebimento de recursos de origem ilícita.

    Procurada desde terça-feira (9), a Schahin não respondeu aos questionamentos. Sua assessoria já havia declarado antes que os contratos com a Petrobras "são absolutamente regulares, celebrados em estrita conformidade com a legislação aplicável".

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