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    Lava Jato

    Empreiteira pagou R$ 2,8 mi a réu por estelionato

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    17/06/2015 02h00

    Alvo da Operação Lava Jato, a empreiteira Camargo Corrêa pagou R$ 2,75 milhões a título de consultoria a uma empresa cujo dono é réu em ações que correm na Justiça Federal por contrabando, estelionato, lavagem de dinheiro, sonegação de impostos, falsificação de cigarros e de selos de IPI (Impostos sobre Produtos Industrializados), formação de quadrilha e falsidade ideológica.

    A EML Consultoria Empresarial, que recebeu o montante da empreiteira, é uma das empresas de Luiz Antonio do Valle de Lima.

    Firma de um homem só, segundo a Receita, a EML recebeu o pagamento da Camargo um dia após o Natal de 2013, segundo laudo da Polícia Federal.

    A suspeita dos delegados da PF e de procuradores que atuam na Lava Jato é que o montante serviu para o repasse de propina –o que tanto a Camargo Corrêa quanto a EML negam.

    Delatores da própria Camargo apontaram que a empreiteira pagou um total de R$ 67,7 milhões a duas empresas que não prestaram serviço algum à empreiteira –os recursos foram usados para pagamento de suborno em contratos da Petrobras.

    PARECE FANTASMA

    O endereço citado no registro da empresa que recebeu os R$ 2,75 milhões da Camargo Corrêa é vago. Ela fica na zona rural do município de Matias Barbosa (MG), no quilômetro 812 da BR 040, estrada que liga o Rio a Juiz de Fora (MG). O telefone que aparece no registro é de um contador deste município.

    Nem a prefeitura de Juiz de Fora, que fica ao lado da cidade onde a EML foi registrada, conseguiu encontrar a empresa. Um aviso publicado em 2011 no "Diário Oficial" do município registra que os Correios não conseguiram achar a empresa para a entrega de uma multa de R$ 191,54 para um de seus

    BENS DE LUXO

    Durante a Operação Reluz, realizada pela PF em 2007, o empresário dono da EML teve apreendido um avião King Air de 12 lugares, avaliado entre R$ 16 milhões e R$ 20 milhões, e um Porsche de R$ 700 mil, entre outros bens.

    Os bens de luxo do empresário, segundo a PF, foram resultado de lavagem de dinheiro amealhado com dois negócios ilícitos: uma fábrica clandestina de cigarro, a Fenton, e uma distribuidora desses produtos, de acordo com as investigações.

    A fábrica foi fechada pela Receita em 2011. Valle seria sócio dessas duas empresas, ainda de acordo com a Polícia Federal.

    OUTRO LADO

    A empreiteira Camargo Corrêa disse em nota que "está colaborando com as investigações e que prestará os esclarecimentos necessários às autoridades competentes".

    Dois executivos da cúpula da empreiteira quando a Lava Jato foi deflagrada, em março de 2014, fecharam acordos de delação premiada com os procuradores e a Polícia Federal para tentar obter pena menor ao final do processo.

    São eles o ex-presidente e o ex-vice-presidente da empreiteira, Dalton Avancini e Eduardo Leite.

    O ex-presidente do conselho da empreiteira, João Auler, preferiu não fazer acordo.

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