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    Lava Jato

    Dilma está no 'volume morto', diz Lula em encontro com líderes religiosos

    DE SÃO PAULO

    20/06/2015 13h47

    Reunido com líderes religiosos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva Lula afirmou, na quinta (18), que a presidente Dilma Rousseff "está no volume morto". Em tom de desabafo, referiu-se à gestão da sucessora como "um governo de mudos".

    Durante o encontro, realizado no auditório do Instituto Lula, o ex-presidente falou de promessas descumpridas por Dilma, como a de "não mexer no direito dos trabalhadores". E listou notícias negativas, como a alta da inflação e aumentos de tarifas.

    "Dilma está no volume morto, o PT está abaixo do volume morto e eu estou no volume morto", reclamou Lula, segundo conversa reproduzida pelo jornal "O Globo".

    "Aquele gabinete presidencial é uma desgraça. Não entra ninguém para contar uma notícia boa", queixou-se.

    Lula lamentou também a resistência de Dilma em viajar. "O [ex-ministro] Gilberto [Carvalho] sabe do sacrifício que é pedir para a companheira Dilma viajar e falar".

    O ex-presidente relatou suas reuniões com Dilma. "Fiz essa pergunta a Dilma: 'Companheira, você lembra qual foi a última notícia boa que demos ao país?'. Ela não lembrava."

    Numa dessas reuniões, Lula apresentou a Dilma uma pesquisa segundo a qual o governo só tem 7% de aprovação e sofre 75% de rejeição entre os eleitores do ABC.

    "Isso não é para você desanimar. É para você saber que a gente tem que mudar", disse ele a Dilma, sempre segundo o relato feito aos religiosos e reproduzido pelo jornal "O Globo".

    Participante do encontro, o padre Julio Lancelotti, da pastoral do Povo da Rua, descreveu a conversa como informal: "Contundente, mas não agressiva", sintetizou.

    Para o bispo d. Pedro Stringhini, da diocese de Mogi das Cruzes, o encontro foi uma oportunidade para reflexão. "Ele [Lula] disse mesmo que o Governo está no volume morto e deveria voltar às origens".

    Essa não é a primeira vez em que Lula expressa sua insatisfação com o governo Dilma. Ele tem reclamado da concentração de poder nas mãos do chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da falta de declarações em defesa do governo.

    "Pelo amor de Deus, Aloizio, você é um tremendo orador. É certo que é pouco simpático", disse Lula, em outro trecho da descrição da conversa com o ministro.

    Lula também não poupa o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Ele responsabiliza o ministro e o governo Dilma pelos desdobramentos da Operação Lava Jato. O ex-presidente tem dito a aliados não ter dúvida de que será o próximo alvo das investigações.

    Ele disse que o PT errou, já no processo do mensalão, ao tratar o caso juridicamente. E afirmou que o momento atual é ainda mais dramático. Segundo Lula, existe um "mau humor na sociedade", com petistas sendo hostilizados nas ruas. "Jamais vi o ódio que está na sociedade. Companheiro do PT não podendo entrar em restaurante."

    Procurado, o Instituto Lula não quis se manifestar sobre o teor da conversa entre Lula e representantes religiosos.

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