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    Paulo Okamotto diz que redes sociais 'complicam' democracia

    CATIA SEABRA
    BELA MEGALE
    DE SÃO PAULO

    22/06/2015 11h25

    Nelson Antoine/Associated Press
    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (à esq.) e o ex-primeiro-ministro da Espanha, Felipe Gonzalez
    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (à esq.) e o ex-primeiro-ministro da Espanha, Felipe González

    O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, questionou, nesta segunda-feira (22), a democracia no Brasil e disse que as redes sociais a "complicam".

    Na abertura de uma palestra do ex-primeiro-ministro da Espanha Felipe González em São Paulo, Okamotto definiu democracia como "exercício solitário de pensar o que é bom para as pessoas" disse que fica "com uma grande pulga atrás da orelha" sobre como consolidá-la no país.

    "Estamos muito distantes do mundo desenvolvido, do mundo rico", afirmou.

    Segundo ele, a "democracia está ainda mais complicada" com o advento das redes sociais. Okamotto apontou o apoio popular à redução da maioridade penal e o fracasso da reforma política como ameaças.

    "Todo mundo quer uma classe política melhor. Mas essa reforma política, para mim, é uma decepção", discursou.

    Às vésperas de o plenário da Câmara decidir se reduz ou não a maioridade penal de 18 para 16 anos nos casos de crimes violentos, nove em cada dez brasileiros se dizem favoráveis a essa medida, segundo pesquisa Datafolha.

    Entre os entrevistados pelo instituto na semana passada, 87% apoiam a alteração.

    Okamotto foi convocado a prestar depoimento à CPI da Petrobras na Câmara para explicar as doações de R$ 3 milhões feitas ao instituto pela empreiteira Camargo Corrêa, investigada no esquema de corrupção da Petrobras.

    A bancada do PT estuda solicitar ao plenário da Câmara que reavalie a convocação do braço direito de Lula na entidade após terem levado bronca do ex-presidente. Eles articularam um contra-ataque que inclui um recurso para tentar derrubar a ida de Paulo Okamotto à comissão.

    'AFLIÇÃO POLÍTICA'

    González, que pertence ao PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), foi convidado a palestrar no Instituto Lula para falar sobre a experiência de seu partido ao se reerguer após denúncias de corrupção. A sigla ficou nove anos fora do poder na Espanha até conseguir voltar ao governo, quando José Luis Zapatero foi alçado ao cargo de primeiro-ministro (2004-2011).

    Para ele, a "aflição" que o Brasil vive é mais política do que econômica.

    Em sua palestra, González disse acreditar na possibilidade de o Brasil implementar medidas anticíclicas. Segundo ele, o ajuste fiscal praticado pelo governo Dilma Rousseff vai durar cerca de um ano. Avalia, porém, que o Brasil tem "muita capacidade de investimento que pode ser concretizado neste momento".

    "Eu entendo a aflição que existe [no Brasil]. Acredito que seja mais por motivo político do que pela situação econômica."

    ATAQUES

    Participante do encontro, o ministro da Educação, Renato Janine, afirmou que governos eleitos estão "sofrendo fortes ataques" na América Latina. E perguntou a González sua opinião a respeito.

    O espanhol –um dos críticos do governo Maduro– respondeu que um governo que não respeita as forças políticas de seu país perde a legitimidade, as eleições e a natureza.

    Questionado especificamente sobre sua viagem a Venezuela, González disse que está "preocupado" com a crise enfrentada pela Venezuela porque acha improvável que o governo esteja aberto ao diálogo. "Não acredito em conspiração internacional golpista para derrubar os governos", disse.

    Ele disse ainda que está preocupado com ondas de intolerância no Brasil. "Vejo sinais de intolerância. Fico preocupado porque o Brasil é um país de tolerância, de convivência."

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