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    Lava Jato

    Delator da Lava Jato cita doação a Mercadante na campanha de 2010

    ANDRÉIA SADI
    MARINA DIAS
    NATUZA NERY
    DE BRASÍLIA

    26/06/2015 16h11

    O presidente da UTC, Ricardo Pessoa, afirmou a procuradores da Operação Lava Jato que fez uma contribuição para a campanha do petista Aloizio Mercadante ao governo do Estado de São Paulo em 2010. Mercadante hoje é ministro da Casa Civil, o principal auxiliar da presidente Dilma Rousseff.

    Pessoa mencionou a contribuição durante as negociações do acordo de delação premiada que ele fez com os procuradores, homologado nesta quinta-feira (25) pelo ministro Teori Zavascki, relator dos inquéritos da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal).

    De acordo com a prestação de contas apresentada pelo PT à Justiça Eleitoral em 2010, a UTC e a Constran, empresa do grupo, doaram, juntas, R$ 500 mil para a campanha de Mercadante.

    Os procuradores da Lava Jato ainda não sabem se a doação feita a Mercadante tem ligação com o esquema de corrupção descoberto na Petrobras, alvo principal das investigações em curso.

    Em outros casos, executivos de empresas acusadas de participar do esquema disseram que doações eleitorais feitas para o PT eram parte da propina que deviam pagar para manter seus contratos com a Petrobras.

    Por meio de sua assessoria, Mercadante afirmou que todas as contribuições para sua campanha em 2010 foram feitas de acordo com a legislação eleitoral e estão registradas na prestação de contas entregue ao TSE.

    Segundo petistas que receberam informações sobre as conversas de Pessoa com os procuradores, o empreiteiro fez um relato de uma reunião com membros da campanha de Mercadante para discutir contribuições para seu comitê eleitoral em 2010.

    O chefe da Casa Civil reconheceu ter recebido o presidente da construtora em sua casa depois que o empresário manifestou o desejo de conhecer o petista em razão da corrida eleitoral.

    Mercadante afirmou ainda não ter conhecimento de que foi citado pelo executivo nas negociações para o acordo de delação premiada e que não recebeu recursos não declarados em sua campanha de 2010.

    "Não houve omissão de quaisquer valores. Todas as contribuições foram devidamente contabilizadas e declaradas à Justiça Eleitoral, como consta de minha prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral", afirmou.

    Sobre o encontro com o presidente da UTC, Mercadante confirmou ter estado com ele "uma única vez", por solicitação do empresário, que tinha "o intuito de me conhecer".

    Segundo o ministro, o encontro aconteceu em sua casa e teve a participação de Emidio de Souza, então coordenador de sua campanha, hoje presidente estadual do PT-SP. O ministro nega, porém, que tenha havido qualquer negociação de valores na ocasião.

    EDINHO SILVA

    Pessoa também citou acertos para doações com outro ministro de Dilma, o atual titular da Secom (Comunicação Social), Edinho Silva (PT-SP), tesoureiro da campanha da petista à reeleição, em 2014.

    A assessoria do ministro afirmou que Edinho esteve com Pessoa por três vezes para tratar de doações de campanha, sendo a primeira quando o empresário esteve no comitê da campanha em Brasília, ocasião em que teria o conhecido.

    "O empresário, após o primeiro contato, organizou o fluxo de doações em 3 parcelas que totalizaram 7,5 milhões de reais", diz a assessoria, acrescentando: "O ministro Edinho jamais tratou de assuntos relacionados a Petrobras ou qualquer outra empresa ou órgão público com o referido empresário. (...) Como coordenador financeiro da campanha presidencial de 2014, dialogou com dezenas de empresários e jamais estabeleceu nenhuma tratativa que não fosse dentro da legalidade e da normalidade do debate eleitoral. As doações ocorreram de forma espontânea."

    Ricardo Pessoa é hoje apontado pela polícia como um dos líderes do cartel que teria sido formado pelas empreiteiras acusadas de participar do esquema de corrupção na Petrobras.

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