• Poder

    Monday, 29-Apr-2024 06:45:45 -03

    Lava Jato

    Lobista que aproximou a Engevix do PT e da Petrobras vira delator

    FLÁVIO FERREIRA
    ENVIADO A CURITIBA
    GRACILIANO ROCHA
    DE SÃO PAULO

    29/06/2015 21h11

    Geraldo Bubniak - 22.mai.2015/AGB/Folhapress
    O lobista Milton Pascowitch, envolvido na Operação Lava Jato, chega ao IML de Curitiba (PR)
    O lobista Milton Pascowitch, envolvido na Operação Lava Jato, chega ao IML de Curitiba (PR)

    O lobista Milton Pascowitch, que aproximou a empreiteira Engevix do PT e da Petrobras, é o mais novo delator da Operação Lava Jato.

    O acordo foi homologado nesta segunda (29) e, como parte do acerto para a colaboração com a Justiça, o juiz Sergio Moro autorizou a transferência de Pascowitch da carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, para a prisão domiciliar, em São Paulo. Ele já está nessa nova condição e passou a usar uma tornozeleira eletrônica.

    O conteúdo das revelações prometidas por Pascowitch, que foi preso em maio, ainda não é conhecido, mas a simples adesão dele aumenta a pressão sobre o PT, principalmente sobre o ex-ministro José Dirceu.

    Além de pagamentos em dinheiro, a Folha apurou que Pascowitch relatou ter feito "favores" ao ex-ministro, como reformas em imóveis dele e de parentes.

    A Jamp, empresa de consultoria de Pascowitch, recebeu R$ 104 milhões entre 2004 e 2013 –dos quais R$ 83 milhões vieram de empreiteiras envolvidas no escândalo do petrolão.

    Apesar dos valores elevados, a Jamp não tinha funcionários, o que reforçou as suspeitas da Procuradoria de que se tratava apenas de uma empresa de fachada para escoar propina para o ex-diretor da Petrobras, Renato Duque (indicado pelo PT) e para o caixa do partido.

    A investigação já tinha mostrado que a Jamp pagou R$ 1,4 milhão para a JD Consultoria, firma aberta por Dirceu, ex-homem forte do governo Lula. Os pagamentos ocorreram entre 2011 e 2012 -quando o petista era réu no processo do mensalão.

    O lobista também ajudou a comprar a casa que sediava até este ano a JD, que fica na avenida República do Líbano, região nobre de São Paulo. Pascowitch pagou R$ 400 mil como sinal pelo imóvel, adquirida pelo valor declarado de R$ 1,6 milhão.

    Em 2012, outra empresa do lobista comprou uma casa de uma das filhas de Dirceu, no bairro paulistano da Saúde.

    O ex-vice-presidente da Engevix, Gerson Almada, admitiu que os pagamentos a Pascowitch serviram para se aproximar da Petrobras. Essa aproximação, pelo relato de Almada, incluiu uma reunião entre o empreiteiro, Pascowitch e o tesoureiro do PT João Vaccari Neto na qual não foi pedida propina.

    Meses mais tarde, conforme os autos da investigação, Pascowitch passou a procurar Almada para negociar doações oficiais ao Partido dos Trabalhadores.

    OUTRO LADO

    O advogado de Pascowitch, Theodomiro Dias Neto, afirmou que não iria se manifestar.

    A defesa do ex-ministro afirmou que não tem como comentar o conteúdo da delação premiada porque não tem acesso aos depoimentos. O advogado Roberto Podval reafirma, no entanto, que não há qualquer ilegalidade na relação comercial entre a JD Assessoria e Consultoria e a JAMP Engenharia, conforme já comunicado à Justiça Federal do Paraná.

    Em ocasiões anteriores, o ex-ministro afirmou que os pagamentos recebidos da Jamp foram legais, declarados à Receita Federal e se referiam a serviços de prospecção de negócios no exterior para a Engevix.

    O petista também afirmou que não houve irregularidades no pagamento de parte do imóvel da República do Líbano pela Jamp.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024