• Poder

    Wednesday, 01-May-2024 03:42:56 -03

    Lava Jato

    'Espero que delações tenham sido espontâneas', diz ministro do STF

    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    01/07/2015 12h33

    O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello afirmou nesta quarta-feira (1º) que nunca viu tanto acordo de delação premiada como os firmados entre acusados de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras e o Ministério Público, e disse esperar que todos tenham sido espontâneos.

    Mais de um ano após as investigações sobre os desvios de recursos da estatal e pagamento de propina, que envolvem políticos e as principais empreiteiras do país, 18 acordos já foram confirmados. Os acusados prometem revelar detalhes da engenharia do esquema em troca de uma eventual redução de pena e outros benefícios.

    "O momento é alvissareiro porque quando as coisas já não são varridas para debaixo do tapete a tendência é corrigir-se rumos. E isso é muito importante para nós termos dias melhores no Brasil. Agora, devo admitir que eu nunca vi tanta delação. Que elas, todas elas, tenham sido espontâneas", afirmou o ministro.

    Questionado sobre as últimas considerações da presidente Dilma Rousseff sobre o instituto da colaboração premiada, o ministro desconversou. "Eu não posso raciocinar pelo extravagante. Eu assento que eles querem colaborar com a Justiça, muito embora o objetivo maior seja salvar a própria pele, ou pelo menos amenizar uma pena futura", disse.

    Um dia depois de igualar os delatores da Operação Lava Jato a presos políticos que traíram os companheiros sob tortura na ditadura militar, a presidente Dilma Rousseff comparou as investigações sobre corrupção na Petrobras a processos medievais.

    Em entrevista na Casa Branca ao lado do presidente americano, Barack Obama, Dilma criticou o que chamou de "vazamento seletivo" das apurações e disse que as provas precisam ter fundamentos, e não simplesmente ilações. "Isso é um tanto quanto Idade Média", disse.

    Duas novas delações aumentaram a pressão em torno do governo e do PT. O executivo Ricardo Pessoa, dono da UTC, disse que doou R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma por temer prejuízos em seus negócios com a Petrobras. O montante foi doado legalmente. Em seus depoimentos, ele teria mencionado ainda doações ilegais R$ 15,7 milhões a ex-tesoureiros do PT e da campanha de Dilma.

    Já lobista Milton Pascowitch relatou a investigadores do caso que intermediou o pagamento de propina ao PT e ao ex-ministro José Dirceu para garantir contratos da empreiteira Engevix com a Petrobras.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024