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    Congresso da Abraji homenageia o jornalista Clóvis Rossi, da Folha

    OSCAR PILAGALLO
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    02/07/2015 18h55

    "A reportagem é a melhor versão da verdade que se pode obter." A definição norteou a vida profissional do jornalista Clóvis Rossi, como ele disse nesta quinta (2), ao receber a homenagem da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) pelo conjunto do trabalho de mais de 50 anos de carreira.

    "É uma carreira ao contrário", comentou Ricardo Kotscho, que começou a trabalhar na grande imprensa sob a chefia de Rossi, hoje colunista e membro do Conselho Editorial da Folha. Kotscho se referia à trajetória incomum de Rossi, que se transformou em repórter depois de ter sido editor-chefe no jornal "O Estado de S. Paulo".

    A expressão "repórter do mundo", usada por Kotscho, não tem um traço de exagero. Rossi rodou os continentes e, desde os anos 70, tem acompanhado de perto os principais eventos internacionais, cujos relatos estão em parte reunidos no livro "Enviado Especial - 25 Anos ao Redor do Mundo".

    Em 1973, por exemplo, cobriu o golpe de Estado no Chile, tendo chegado a Santiago a tempo de testemunhar filetes de sangue no rio e fogueiras de livros, que emparelhavam a ditadura nascente ao nazifascismo.

    No ano seguinte acompanhou a Revolução dos Cravos em Portugal e, em 1977, a redemocratização na Espanha. Nesses casos, o repórter mais do que narrou os fatos –ele participou da festa cívica.

    "O único lado que tomei na vida foi o da democracia, o da civilização contra a barbárie", disse ele, arrancando aplausos das cerca de 300 pessoas que lotaram um auditório da Universidade Anhembi Morumbi, na zona sul da capital paulista.

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    PARCIMÔNIA

    A homenagem prestada pela Abraji se soma a várias outras recebidas por Rossi nos últimos anos.

    Em 2001, ele ganhou o Prêmio Maria Moors Cabot, da Faculdade de Jornalismo da Universidade Columbia, em Nova York, o mais importante para jornalista estrangeiro nos Estados Unidos.

    Em 2002, recebeu o Prêmio Ayrton Senna de jornalismo político. Em 2004, foi homenageado pela Fundación Nuevo Periodismo, criada pelo escritor colombiano Gabriel García Márquez, pelo conjunto do trabalho.

    Na Folha desde 1980, Clóvis Rossi sempre foi parcimonioso nos elogios a figuras públicas. Se não apontou muitos méritos foi por entender que "fazer bem as coisas é obrigação de quem governa" e que "elogiar o cumprimento da obrigação seria aceitar a mediocridade como regra".

    Um documentário foi exibido na solenidade, com depoimentos de vários jornalistas. Entrevistados destacaram, entre outros predicados, a "velocidade irritante" com que raciocina e escreve e a "rara reunião" de talento e caráter numa mesma pessoa.

    OSCAR PILAGALLO é jornalista e autor do livro "História da Imprensa Paulista" (Três Estrelas)

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