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    Empresário suspeito diz ter rendimento de até R$ 40 mil

    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    04/07/2015 02h00

    Alan Marques - 29.out.2010/Folhapress
    O empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, que prestou depoimento à PF
    O empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, que prestou depoimento à PF

    Dono de um avião avaliado em R$ 2 milhões e investigado sob suspeita de ser operador de uma organização criminosa, o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto afirmou, em depoimento à Polícia Federal, ter rendimentos mensais entre R$ 30 mil e R$ 40 mil, fruto de lucro de seus negócios.

    Investigadores dizem ver incompatibilidade entre o valor e o padrão de vida de Bené, como é conhecido o empresário ligado ao PT e ao governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel.

    No depoimento, o empresário admitiu que o avião modelo King Air C90 é de sua empresa, a Bridge Participações, e de "outra pessoa jurídica" da qual é sócio. A Bridge, de acordo com a PF, tem capital social declarado de apenas R$ 2.000.

    As investigações começaram quando Bené foi flagrado com R$ 113 mil em dinheiro vivo na eleição de 2014, transportados no avião. A aeronave já deu caronas para a hoje primeira-dama de Minas, Carolina Oliveira, e petistas.

    Na época do flagrante, Bené disse que o avião era da Bridge, "cujo o diretor Ricardo Santos é seu amigo pessoal", e que em algumas ocasiões ele emprestava o jato. Investigadores notaram, porém, que o prefixo da aeronave (PR-PGE) tem as iniciais de seus filhos

    Bené relatou ser dono de sete firmas do ramo gráfico, mas tentou se descolar da Gráfica Brasil, suspeita de ter sido utilizada pela campanha Pimentel para ocultar a "natureza de valores oriundos de ilícitos."

    Ele afirmou que a empresa pertence a sua família, dois irmãos e seu pai, sustentando que já "participou como sócio, mas se desligou em meados de 2004 em razão da separação de sua esposa."

    Questionado sobre movimentações financeiras da gráfica com outras empresas de sua propriedade, ele preferiu não responder.

    A PF encontrou indícios de que a campanha de Pimentel ocultou da Justiça Eleitoral pagamentos à gráfica que somam R$ 362 mil, além de ter identificado recibos subfaturados pela empresa.

    A Gráfica Brasil assinou, entre 2006 e 2015, R$ 465 milhões em contratos com diversos ministérios, diz a PF. De 1998 a 2005, o faturamento da gráfica foi de R$ 975 mil.

    O STJ (Superior Tribunal de Justiça) abriu inquérito em maio para investigar se há ligação de Pimentel com o esquema. A suspeita é de que ele possa ter recebido "vantagens indevidas" e "valores ocultos" por intermédio de contratos obtidos pela empresa de sua mulher. O governador nega irregularidades.

    Bené ficou calado quando foi perguntado sobre transferências para empresa do ex-deputado Virgílio Guimarães (PT-MG).

    A PF aponta que é possível identificar o envio de R$ 500 mil de Bené para a empresa e pessoas apontadas por Virgílio. O ex-parlamentar foi citado nas investigações do mensalão como responsável por introduzir o publicitário Marcos Valério de Souza nos círculos do PT para operar um caixa dois que serviu para pagar uma espécie de mesada para a base aliada.

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