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    Ajuste fiscal enxuga verba publicitária do governo

    GUSTAVO PATU
    NATUZA NERY
    DE BRASÍLIA

    06/07/2015 02h00

    Enquanto aparece nas pesquisas com taxas recordes de reprovação popular, a presidente Dilma Rousseff enfrenta uma escassez inédita de verbas para a divulgação dos feitos de seu governo.

    O ajuste das contas públicas promovido neste ano pelo ministro Joaquim Levy, da Fazenda, derrubou os gastos do Executivo com publicidade institucional, utilidade pública e noticiário oficial dos atos da administração.

    Levantamento feito pela Folha mostra que, em valores corrigidos pela inflação, as despesas de 2015, até maio, são de R$ 33 milhões mensais em média, numa queda de 62% em relação à média de R$ 87 milhões ao mês no ano eleitoral de 2014.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Os dados, que consideram desembolsos da Presidência e dos ministérios, mostram uma reversão brusca da escalada das despesas com publicidade e comunicação oficial a partir do início do primeiro mandato de Dilma.

    No papel, o Orçamento deste ano prevê R$ 922 milhões para essa modalidade de gastos. Apenas R$ 162 milhões, porém, foram pagos nos primeiros cinco meses.

    O ministro Edinho Silva (Comunicação Social) confirma que a queda dos pagamentos está relacionada à necessidade de equilibrar as contas. "É natural que caia porque o governo está segurando despesas, e a área de publicidade também", diz.

    Pesquisa Datafolha feita em junho mostrou que 65% do eleitorado avalia a presidente como ruim ou péssima, número que só não é pior do que os 68% alcançados por Fernando Collor antes de seu impeachment.

    PROPAGANDA DO AJUSTE

    Ironicamente, a mais notória ofensiva de propaganda do governo petista neste ano foi uma campanha em defesa do ajuste fiscal, um dos principais motivos do desgaste político da presidente.

    Com o mote "Ajustar para avançar", a campanha foi orçada inicialmente em R$ 40 milhões, dos quais R$ 34 milhões foram gastos.

    A iniciativa foi interrompida no mês passado pela Justiça, a partir de uma ação do PSDB apontando afirmações enganosas nas peças publicitárias que foram ao ar.

    Apesar dos restrições orçamentárias, Edinho diz estar programando novas campanhas para os próximos meses.

    "Conforme a execução orçamentária for se desenvolvendo, vamos, com responsabilidade, ampliando os gastos com comunicação", disse o ministro.

    FORMAR CONCEITOS

    Há projetos para divulgar em emissoras de rádio, televisão e mídia impressa o Plano Safra (que libera recursos e garante juros mais baixos à produção agrícola) e o Programa de Investimento em Logística, voltado para concessões na área de infraestrutura.

    Haverá, ainda, anúncios específicos para divulgar o programa do Microempreendedor Individual e a Olimpíada de 2016. A previsão é que as peças publicitárias sejam veiculadas no segundo semestre deste ano.

    Para o ministro, campanhas publicitárias oficiais não têm o condão de incrementar a popularidade de agentes públicos, mas ajudam a formar conceitos.

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