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    Lava Jato

    Procuradoria liga telefonemas a propina

    BELA MEGALE
    GRACILIANO ROCHA
    DE SÃO PAULO

    07/07/2015 02h00

    Graciliano Rocha/Folhapress
    Apartamento de Bernardo Schiller Freiburghaus, em Genebra
    Apartamento de Bernardo Schiller Freiburghaus, em Genebra

    Telefonemas trocados entre o executivo da Odebrecht Rogério Araújo e Bernardo Freiburghaus, apontado como operador de propina da empreiteira no exterior, precederam transferências para contas secretas do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, na Suíça.

    Os procuradores da Operação Lava Jato encontraram 135 ligações entre Araújo e Freiburghaus entre julho de 2010 e fevereiro de 2013.

    Ao cruzar os telefonemas com os extratos bancários da conta do ex-dirigente da estatal, os procuradores relacionaram 15 conversas pelo celular dos dois com 22 transferências para Paulo Roberto Costa. Segundo a Procuradoria, a distribuição do dinheiro ocorria em, no máximo, oito dias após cada ligação.

    As transferências somaram US$ 5,6 milhões entre março de 2011 e novembro de 2012 e tiveram como origem contas em paraísos fiscais (Suíça, Luxemburgo, Ilhas Cayman, Bahamas e Hong Kong).

    Para a Procuradoria, o cruzamento entre telefonemas e transferências corrobora a delação de Paulo Roberto Costa, que afirmou ter recebido US$ 23 milhões no exterior. Ele disse que a maior parte veio da Odebrecht –a empresa nega.

    No documento, o Ministério Público Federal opõe-se à revogação das prisões preventivas do presidente Marcelo Odebrecht e de outros executivos do grupo.

    Araújo desligou-se do grupo Odebrecht, mas a Procuradoria afirma que ele ainda poderia movimentar contas do grupo no exterior.

    Freiburghaus, cidadão suíço, deixou o Brasil no ano passado e vive em Genebra.

    "Detendo Marcelo Odebrecht e Rogério Araújo o controle de tais contas, podem fazer contatos com Bernardo Freiburghaus, foragido do país, para que destrua elementos probatórios", escrevem os procuradores da força-tarefa da Lava Jato.

    OUTRO LADO

    A assessoria da Odebrecht afirmou que "desconhece completamente os fatos e o teor dos supostos telefonemas apontados". A empresa questionou novamente "o vazamento seletivo de informações, vício que compromete o exercício do direito de defesa."

    Os advogados de Rogério Araújo e Bernardo Freiburghaus não foram localizados.

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