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    Desarticulação chega ao Senado e alarma governo

    VALDO CRUZ
    GABRIELA GUERREIRO
    FLÁVIA FOREQUE
    DE BRASÍLIA

    11/07/2015 02h00

    Renato Costa/Folhapress
    Presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), durante votação na última quinta (8)
    Presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), durante votação na última quinta (8)

    A desarticulação da base governista chegou ao Senado. A derrota sofrida pelo Palácio do Planalto nesta quarta-feira (8), quando senadores aprovaram a extensão da política de reajuste do salário mínimo para todos os benefícios previdenciários, deixou o governo desnorteado.

    As traições, até agora, estavam mais concentradas na Câmara. Mas o comportamento dos senadores aliados nesta semana mostrou um quadro preocupante de fragilidade política, segundo assessores presidenciais.

    Na avaliação do governo, o sinal, que estava amarelo, está perto de vermelho. Isto porque, segundo assessores da presidente Dilma Rousseff, até "senador que tem cargo e ganhou outros recentemente votou contra o governo". Um articulador do Planalto diz que isto "é o fim".

    O governo perdeu votação da emenda que derrubava a extensão do aumento do mínimo para todos os aposentados, incluída pela Câmara.

    O placar foi de 34 votos contra e 25 a favor do governo. Nada menos que 14 aliados não apareceram e outros 12 votaram contra o Planalto.

    A situação foi resumida da seguinte maneira: num clima destes, toda medida que o Planalto envia ao Congresso acaba virando uma arma contra a presidente.

    Após a votação, o governo identificou mais de um motivo para a derrota, tida como "preocupante". O primeiro é que muitos senadores não apareceram ou votaram contra em retaliação ao Planalto.

    Senadores disseram à equipe de articulação política que estão cansados de o governo prometer "mundos e fundos" e não atender ninguém.

    Nesta conta estão não só cargos, mas a falta de atendimento de demandas de projetos específicos, como os que beneficiam o Amazonas, levando os senadores do Estado, aliados, a não votar.

    Nada menos que sete senadores do PMDB, partido do vice Michel Temer, articulador político do governo, votaram contra o Planalto.

    Outro motivo apontado para o revés é a falta de um controle maior do Planalto nas votações no Senado. Segundo um senador aliado, falta comando à tropa e avaliação do melhor momento de votar.

    Um recado para o líder da bancada governista, Delcídio Amaral (PT-MS), que não estaria buscando ajuda para dividir sua tarefa. Ele atribui a derrota à crise política.

    Além disso, é lembrado que Temer sempre teve dificuldades nas votações no Senado por enfrentar certa resistência do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).

    As ausências na votação da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), ex-ministra da Casa Civil, e do líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), foram muito comentadas.

    A primeira depois pediu que seu voto fosse contado como pró-governo. Já Eunício, segundo amigos, mandou recado para o Planalto, mas oficialmente diz que estava em audiência fora do Senado e não sabia que o projeto seria votado.

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    DERROTAS NO SENADO

    Com base desarticulada, governo perde em votações importantes

    • Ajuste das aposentadorias

    Na quarta (8), senadores aprovaram a extensão da política de reajuste do salário mínimo para todos os benefícios previdenciários. Dentre os membros da bancada aliada, 14 não apareceram para votar e outros 12 foram contra o governo

    • Reajuste ao Judiciário

    Em junho, o Senado aprovou reajuste de até 78% nos salários dos servidores do Judiciário, escalonado em quatro anos, a partir de 2015. A medida, segundo o governo, tem impacto previsto de R$ 25,7 bilhões e vai na contramão das medidas do ajuste fiscal

    • Derrubada do fator previdenciário

    Em maio, Casa manteve regra alternativa para aposentadorias aprovada na Câmara. Temendo o aumento de gastos na Previdência, governo se viu obrigado a editar uma outra medida em substituição, o fator 85/95 progressivo

    • Devolução de medida provisória

    Em março, após ter seu nome incluído na lista de políticos investigados na Operação Lava Jato, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), reagiu devolvendo medida provisória do governo que aumentava tributos, parte do pacote do ajuste fiscal

    • Rejeição de indicado para a OEA

    Renan também atuou nos bastidores para barrar, no Senado, a ida do embaixador Guilherme Patriota para a OEA (Organização dos Estados Americanos). Foi a primeira vez na história que a Casa rejeitou um diplomata de carreira indicado pelo governo

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