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    Lava Jato

    Filho de Collor acompanhou ação da PF na empresa da família em Maceió

    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MACEIÓ

    14/07/2015 12h49

    Em Maceió, agentes da Polícia Federal chegaram às 6h na Organização Arnon de Mello, empresa que reúne os veículos de comunicação pertencentes à família do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), para cumprir mandados de busca e apreensão de nova fase da Operação Lava Jato.

    Foram apreendidos computadores e documentos na organização, que controla rádios, a TV Gazeta —afiliada da Globo no Estado— e jornal.

    A operação vasculhou todos os setores da empresa e foi comandada pessoalmente pelo superintendente da PF em Alagoas, André Santos Costa. Um dos filhos de Collor, Fernando James, acompanhou. O clima era tenso entre os funcionários.

    Enquanto os agentes recolhiam o material, a cúpula da organização mantinha-se reunida a portas fechadas. O diretor-executivo do conglomerado, Luís Amorim, chegou para trabalhar pouco depois das 7h. Ele também teve a casa revistada pela PF e participava da reunião do alto escalão das empresas.

    A equipe policial deixou a sede da organização no fim desta manhã.

    A ação integra a Operação Politeia, deflagrada no Distrito Federal e nos Estados da Bahia, Rio, Pernambuco, Alagoas, Santa Catarina e São Paulo.

    Em Brasília, a Polícia Federal apreendeu carros de luxo em uma casa de Collor.

    Os mandados foram expedidos pelo STF (Supremo Tribunal Federal), referentes a seis processos instaurados a partir de provas obtidas na operação Lava Jato. Os investigados devem responder a crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, fraude a licitação, organização criminosa, entre outros.

    Em nota divulgada nesta terça, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que a operação tem como objetivo garantir a apreensão de bens adquiridos com supostas práticas criminosas.

    O empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, afirma ter pago R$ 20 milhões a Collor entre 2010 e 2012 em troca da influência do senador em negócios com a BR Distribuidora.

    OUTRO LADO

    Em sua defesa, a assessoria do senador Fernando Collor emitiu uma nota, na qual chama a ação de "aparatosa operação policial". Ainda segundo a nota, o cumprimento dos mandados de busca e apreensão foi uma medida "invasiva e arbitrária" e "flagrantemente desnecessária, considerando que os fatos investigados datam de pelo menos mais de dois anos, a investigação já é conhecida desde o final do ano passado, e o ex-presidente jamais foi sequer chamado a prestar esclarecimentos".

    A nota diz ainda que Collor teria se colocado à disposição da Polícia Federal, por duas vezes, para ser ouvido, mas, nas duas ocasiões, seu depoimento foi desmarcado na véspera. "Medidas dessa ordem buscam apenas constranger o destinatário, alimentar o clima de terror e perseguição e, com isso, intimidar futuras testemunhas".

    "A medida invasiva traduz os tempos em que vivemos, em que o Estado policial procura se impor ao menoscabo das garantias individuais seja do ex-presidente, do senador da República ou do simples cidadão. Afinal, se nem os membros do Senado Federal estão livres do arbítrio, o que se dirá do cidadão comum, à mercê dos Poderes do Estado", conclui a nota.

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