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    Crise política não acaba com recesso parlamentar, avalia Eduardo Cunha

    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    16/07/2015 12h06

    Ed Ferreira/Folhapress
    O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, faz balanço do semestre em café da manhã com jornalistas
    O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, faz balanço do semestre em café da manhã com jornalistas

    A crescente piora do cenário econômico do país pode levar a Câmara dos Deputados a adotar um tom ainda mais pesado contra o governo da presidente Dilma Rousseff no segundo semestre, avalia o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

    Para ele, o contato dos deputados com suas bases eleitorais nas próximas duas semanas, durante o recesso parlamentar, fará com que eles percebam a gravidade da crise.

    "Quem acha que deputado de folga por duas semanas dá um alívio, está enganado. Os deputados vão passar duas semanas nas suas bases eleitorais. O aprofundamento do desemprego vai gerar muita pressão neles, que tendem a voltar mais duros [com o governo]", afirmou Cunha.

    Nesta quinta-feira (16), o presidente da Câmara participou de um café da manhã com jornalistas para apresentar o balanço dos seus primeiros seis meses de gestão à frente da Casa. Para Cunha, o seu grande acerto neste período foi ter resgatado a independência da Câmara em relação ao governo.

    "Meu acerto foi ter cumprido o que eu prometi. A Casa tem postura de independência com votações sem impedir que o governo mantenha a governabilidade", disse. Cunha se recusou a responder quais foram os seus erros.

    "Não vou apontar meus erros porque vocês já fazem isso. Já tenho que rebater o que vocês criticam, por que eu vou dar mais carne para vocês?", brincou.

    Para o deputado, se o vice-presidente da República, Michel Temer, não tivesse assumido a articulação política do governo, "o caos estaria instalado" e o governo não teria conseguido aprovar as medidas do ajuste fiscal.

    "Temer assumiu a articulação talvez no momento mais grave da crise de governabilidade."

    Cunha continua defendendo a saída do vice do posto de articulador assim que o governo conseguir finalizar a análise das medidas do ajuste no Congresso.

    "Ele deve retornar segundo a sua institucionalidade. Ele não pode ficar diminuindo o seu tamanho, seu espaço institucional cuidando de coisas menores", disse.

    o peemedebista disse ainda que o segundo governo da presidente Dilma Rousseff "ainda não começou", porque ela não informou à população qual será sua agenda econômica para a recuperação do país, e rechaçou acusações de que atua contra o Planalto, afirmando que sua relação é "institucional".

    "O Congresso faz a sua parte. As medidas do governo foram todas votadas e serão debatidas". Ele defendeu que pautou todos os projetos de interesse do governo no primeiro semestre.

    IMPEACHMENT

    Para Cunha, a análise pelo Congresso das contas do último ano do primeiro governo Dilma será política, e não técnica como defende o Palácio do Planalto. Ele enfatizou que a decisão do Tribunal de Contas da União sobre as chamadas "pedaladas fiscais" tem que ser técnica, mas que a decisão sobre a aprovação ou rejeição das contas é política.

    Os auditores do TCU apontaram várias irregularidades no balanço apresentado pela presidente para 2014, o último ano de seu primeiro mandato, e tudo indica que o tribunal recomendará ao Congresso sua rejeição em agosto.

    A oposição defende que a rejeição das contas é motivo suficiente para pedir o impeachment de Dilma. Cunha, por sua vez, afirmou que ainda consulta juristas externos e que já pediu um parecer para o corpo jurídico da Câmara sobre o pedido de impedimento apresentado pelo Movimento Brasil Livre em maio.

    O grupo, formado em São Paulo, entregou o pedido após caminhar do Estado até Brasília durante um mês.

    Cunha pretende ter o parecer em até 30 dias. "Pretendo ter nesse tempo um posicionamento sobre isso. Não se analisa uma matéria como essa com celeridade", disse.

    Editoria de Arte/Folhapress

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