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    PT-MG pagou R$ 150 mil a empresa ligada a Bené criada dois dias antes

    JOSÉ MARQUES
    DE BELO HORIZONTE

    17/07/2015 12h00

    Alan Marques - 29.out.2010/Folhapress
    O empresário Benedito Rodrigues, em fotografia de 2010, preso nesta sexta em operação da PF
    O empresário Benedito Rodrigues, em foto de 2010, preso na Operação Acrônimo da Polícia Federal

    O PT de Minas Gerais pagou R$ 150 mil nas eleições a uma empresa de contabilidade sediada em Porto Alegre e criada 48 horas antes. Formada por três sócios, a Erfolg Consultoria e Contabilidade é ligada a José João Appel Mattos, um dos investigados pela Operação Acrônimo da Polícia Federal.

    Appel não é um dos sócios da Erfolg, mas a firma foi aberta no dia 2 de setembro em nome de pessoas que trabalham para ele. Ela é registrada no mesmo local e com o mesmo telefone da empresa do contador, a AMC.

    Na segunda (14), a Folha ligou para o número e perguntou se era da Erfolg, mas a atendente disse que não sabia de "empresa nenhuma com esse nome" no local, apenas da AMC.

    A despesa do PT foi feita pelo comitê financeiro único do Estado, responsável pela campanha do governador Fernando Pimentel e outros candidatos da legenda, no dia 4 de setembro. Os dados estão na prestação de contas enviada ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

    Tanto a Erfolg quanto o partido afirmam que tudo foi feito de acordo com a legislação eleitoral ""mas não responderam aos questionamentos da reportagem sobre os serviços prestados ou o motivo da criação e da contratação da empresa.

    BENÉ

    Conhecido por resolver problemas contábeis de protagonistas de escândalos de corrupção, Appel prestou serviço para quatro empresas de Benedito de Oliveira, o Bené, e foi diretor de uma delas.

    Bené é o pivô da Acrônimo. No ano passado, foram encontrados R$ 113 mil em dinheiro vivo dentro de um avião turboélice que transportava o empresário, o que motivou as investigações da PF. A aeronave apreendida pertence a suas empresas.

    Ele foi preso em maio deste ano e deixou a cadeia após pagamento de fiança.

    Um dos objetivos da Acrônimo é apurar suspeitas de ligações entre Bené e Pimentel, que negam ter cometido irregularidades. Na operação, um dos mandados de busca e apreensão ocorreu no escritório de Appel.

    OUTRO LADO

    Em nota, o PT afirma que a Erfolg prestou serviços à campanha eleitoral e "obedeceu aos critérios determinados pela legislação". O partido não detalhou as informações, embora tenha sido questionado pela reportagem.

    Também não informou os motivos da escolha da empresa, criada dois dias antes e registrada no mesmo local de outra contabilidade.

    Sócia-proprietária da Erfolg, a contadora Anelise Mendes afirmou, por e-mail, que presta "serviços de contabilidade absolutamente legítimos, dentro dos mais estritos parâmetros técnicos e legais", mas não comenta a relação com clientes à imprensa. "Estamos à disposição do Poder Judiciário para quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessários".

    Ela também não quis falar sobre a criação da firma e a relação com a AMC.

    A assessoria de Appel foi procurada, mas não se manifestou. Anteriormente, disse que Appel nunca foi processado nem condenado pelos casos em que atuou.

    Sobre a Acrônimo, afirmou que a relação do contador com Bené era "meramente profissional".

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