• Poder

    Sunday, 19-May-2024 05:00:42 -03

    Lava Jato

    Após delatar Cunha, Camargo passa a ser defendido por advogado de Youssef

    BELA MEGALE
    GRACILIANO ROCHA
    DE SÃO PAULO

    17/07/2015 21h01

    Depois da audiência em que disse ao juiz Sergio Moro ter pago R$ 5 milhões em propina ao deputado Eduardo Cunha na quinta (16), o lobista Julio Camargo trocou de advogado. Beatriz Catta Preta, que atuou como defensora de Camargo e negociou seu acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, foi substituída por Figueiredo Basto, advogado do doleiro Alberto Youssef e do dono da UTC Ricardo Pessoa desde que optou por colaborar com a justiça.

    "Julio nos procurou depois da audiência e acertamos. Não vou comentar a saída de Dra. Beatriz Catta Preta. Foi escolha dele", afirmou Basto.

    A troca aconteceu depois que Julio Camargo mudou sua versão sobre requerimentos feitos na Câmara dos Deputados pedindo explicações sobre contratos assinados entre a Petrobras e a Mtsui. Nesta quinta-feira (16), o lobista que representou a empresa na negociação de navios-sonda adquiridos pela estatal, afirmou em audiência a Moro, na Justiça Federal do Paraná, que após atrasos de repasses de propina originária desse contrato foi pressionado por Cunha por meio de requerimentos. Segundo Camargo, a ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), hoje prefeita de Rio Bonito, foi quem fez os pedidos.

    Em maio deste ano, essa versão já tinha sido reafirmada por Alberto Youssef em depoimentos prestado à Justiça Federal. O doleiro contou que Camargo o procurou em 2011 para efetuar pagamentos atrasados ao lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baaino e apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção da Petrobras. Youssef afirmou que realizou o pagamento de US$ 2 milhões a Baiano após a reunião.

    Na época, Julio rebateu a versão do doleiro em seu depoimento e disse que nunca tinha entrado "em detalhes com o senhor Alberto Youssef".

    "Não tenho nada contra o Alberto Youssef. Mas o que eu vi depois da deflagração da operação [Lava Jato] é que os horizontes dele eram muito maiores do que eu imaginava. Eu fiquei surpreso de saber como uma pessoa, com uma estrutura que era ele e uma mala, pudesse saber de tanta coisa em tantos detalhes como ele diz que sabe", completou.

    Essa não foi a primeira contradição das delações premiadas de Youssef e Camargo esclarecida após o lobista revelar novas informações em depoimentos prestados na última semana. Em outra audiência realizada na terça (14), Camargo disse que pagou R$ 4 milhões ao ex-ministro José Dirceu com o aval do ex-diretor da Petrobras Renato Duque. Anteriormente, Youssef já havia contado à Justiça que Camargo e o petista eram próximos. O fato era negado pelo lobista até esta semana.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024