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    Órgão da Aeronáutica descarta ataque de MST a avião de prefeito de Minas

    LULY ZONTA
    DE SÃO PAULO

    19/07/2015 18h24

    A hipótese de que o avião que caiu após sobrevoar uma área invadida por famílias sem terra em Tumiritinga, no nordeste de Minas Gerais, na última terça-feira (14) tenha sido abatido por tiros pelos integrantes do movimento foi descartada pelo Seripa (Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) do Rio de Janeiro, órgão ligado à Aeronáutica.

    Morreram na queda o prefeito do município de Central de Minas, Genil Mata da Cruz, 39, (PP), que pilotava a aeronave, e um funcionário dele, Douglas Rafael da Silva, 29. Depois do acidente, as 200 famílias deixaram a área nos dois dias seguintes.

    O advogado do prefeito, Siranildes Eleotério Gomes, havia afirmado após a morte de Cruz que esperava que a polícia apurasse se a aeronave havia sido "abatida de forma criminosa" pelo grupo, que é ligado ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

    Segundo ele, Genil da Cruz estava sobrevoando o local para fazer fotos do terreno e anexar ao processo judicial que movia contra o grupo. A fazenda pertencia ao prefeito, conforme o advogado, e havia sido comprada há dois anos da empresa Fibria Celulose.

    As investigações ainda não foram concluídas, mas a equipe do Seripa do Rio, que esteve no local para averiguar o acidente, comunicou ao órgão superior, o Cenipa (Centro Nacional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), que a queda da aeronave não fora provocada e que não há marcas de tiros nos destroços do monomotor. Os laudos não têm prazo para serem divulgados.

    Cruz pilotava um monomotor modelo Pelican 500, matrícula PU-OVC. Segundo a assessoria de imprensa da Aeronáutica, ainda não é possível "chegar a nenhuma conclusão quanto aos fatores contribuintes para o acidente".

    Já os sem-terra, em nota divulgada pelo MST no dia seguinte ao acidente, dizem que o monomotor do prefeito e uma outra aeronave "estavam dando rasantes" sobre o acampamento, jogando sacos plásticos carregados de combustível sobre as barracas onde as famílias estão acampadas há cerca de dez dias.

    A ação durou cerca de uma hora, quando um dos aviões onde estava o prefeito perdeu o controle e caiu. A outra aeronave teria deixado o local em seguida.

    Os sem-terra dizem ainda que, na última sexta (10), o local foi invadido por homens que usaram fogos de artifício contra o grupo.

    Segundo Enio Bohnenberger, coordenador estadual do MST, os sem-terra deslocaram-se para outros acampamentos da região. A invasão começou no dia 5, com 300 famílias, mas desde então, segundo ele, "começaram os ataques e ameaças" diz o MST, partiram de representantes do dono da propriedade.

    Bohnenberger diz que o prefeito não tinha a documentação das terras porque ela ainda não havia sido quitada integralmente.

    Segundo o advogado da vítima, já havia sido protocolado um pedido de reintegração de posse na Vara de Conflitos Agrários de Minas Gerais.

    O acidente também está sendo investigado pela Polícia Civil de Minas Gerais, que realizou perícia no local e deve divulgar seu laudo nesta semana.

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