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    Cunha aceita fazer acareação, mas cobra o mesmo de Dilma e Mercadante

    ANDRÉIA SADI
    RANIER BRAGON
    DE BRASÍLIA
    LUCAS VETTORAZZO
    DO RIO

    20/07/2015 19h33

    O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta segunda (20) que aceita ficar cara a cara na CPI da Petrobras com o delator da Lava Jato Julio Camargo. Mas defende que sejam aprovadas acareações de Dilma Rousseff e de ministros do governo.

    Para Cunha, Dilma faria acareação com o doleiro Alberto Youssef. E os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Edinho Silva (Comunicação Social) fariam com o dono da UTC, Ricardo Pessoa. "Vamos aprovar todas e fazemos sem problema'', afirmou.

    O peemedebista adotou como estratégia, desde sexta (17), atacar o governo para se defender da acusação do lobista Julio Camargo, segundo quem Cunha foi destinatário de US$ 5 milhões em propina.

    Camargo inicialmente não citou Cunha em sua delação. Mas, após ser informado que corria o risco de ter seu acordo de delação anulado por omitir informações, confirmou a versão de Youssef.

    Cunha nega as acusações e atribui a uma operação do governo junto à Procuradoria-Geral da República a mudança no depoimento. Ele anunciou na sexta o seu rompimento formal com o Planalto.

    O pedido de acareação de Cunha com Julio Camargo foi feito pelo PPS.

    "É oportunista de alguns querer falar de uma acareação comigo", disse Cunha. "Estou disposto a fazê-la a qualquer tempo. Agora também aproveitem e convoquem todos que estão em contradição. O ministro Mercadante e o ministro Edinho negam aquilo que foi colocado pelo Ricardo Pessoa. A própria presidente nega o que foi colocado pelo Youssef. Que se faça acareação de todos."

    Ricardo Pessoa, em sua delação, disse ter pago caixa dois para a campanha de Mercadante em 2010. Sobre Edinho, disse que o então tesoureiro da campanha de Dilma o pressionou a doar para o comitê da petista para continuar a ter obras no governo.

    Youssef afirmou em sua delação que a presidente Dilma sabia da corrupção na Petrobras, origem das investigações da Operação Lava Jato.

    A aliados, Cunha usa o mesmo argumento em resposta aos que defendem seu afastamento da presidência da Câmara: o de que seus críticos também deveriam pedir o afastamento de Dilma, de Mercadante e de Edinho.

    Em conversas com integrantes da oposição, Cunha tem manifestado ainda a intenção de excluir o PT do comando das duas CPIs antigoverno que devem começar em agosto, quando o Congresso volta do recesso: a do BNDES e a dos Fundos de Pensão.

    A intenção de Cunha é emplacar deputados de seu círculo próximo na relatoria ou na presidência de cada uma dessas CPIs. Os outros dois postos caberiam à oposição.

    O desenho é mais uma demonstração da intenção de Cunha de retaliar o governo. Na instalação da CPI da Petrobras, quando ainda não estava rompido abertamente com o Planalto, ele não se opôs a que o PT ficasse com a relatoria da comissão.

    Desde que perdeu a presidência da Câmara para Cunha em fevereiro, o partido de Dilma não tem conseguido barrar as articulações políticas do peemedebista.

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