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    Lava Jato

    PF terá que explicar porque cobriu nomes do governo com tarjas pretas

    GRACILIANO ROCHA
    BELA MEGALE
    DE SÃO PAULO

    21/07/2015 22h50

    A superintendência da Polícia Federal do Paraná deverá se pronunciar nesta quarta (22) por que cobriu com tarjas pretas os nomes de integrantes do primeiro escalão do governo Dilma Rousseff e de políticos nas interpretações sobre as notas escritas pelo empresário Marcelo Odebrecht em seu telefone celular.

    Entre os nomes cobertos com tarjas estão o do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), do advogado-geral da União Luís Inácio Adams, dos senadores José Serra (PSDB-SP) e o do governador Fernando Pimentel (PT-MG).

    Outros políticos –mesmo com foro privilegiado, como o vice-presidente Michel Temer e o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP)– foram mencionados textualmente no relatório que analisa o conteúdo das anotações do empresário.

    Anexado aos autos da Lava Jato, o relatório de análise da PF encontrou indicativos de que o dono da Odebrecht tentou deter o avanço da Operação Lava Jato –o que a defesa do empresário nega.

    As citações a políticos estão cifradas e o contexto das anotações capturadas no celular do empresário não permite compreender imediatamente por que Odebrecht mesclou as iniciais dos políticos em meio a anotações relacionadas à estratégia da companhia para conter os danos provocados pela investigação do esquema de corrupção na Petrobras.

    FP (Fernando Pimentel, segundo a polícia) é citado em uma anotação, sem data, no celular do empresário ao lado de uma frase considerada enigmática pelo analista da Polícia Federal: "ela cai eu caio".

    Um e-mail do dia 9 de janeiro de 2013, catorze meses antes da eclosão da Lava Jato, tem o título "Pedido específico blindagem JEC". O mesmo analista, que concluiu que JEC seria o ministro José Eduardo Cardozo, afirma que "não é possível precisar qual seria a razão do pedido de blindagem". O conteúdo do e-mail tampouco esclarece.

    No mesmo e-mail há as anotações "Adiantar 15 p/JS".

    Na análise da PF, JS é José Serra, mas não há qualquer explicação sobre o significado da menção.

    Adams, possível referência ao advogado-geral da União Luís Inácio Adams, é mencionado na mesma mensagem eletrônica.

    No caso dele, segundo a polícia, o contexto estaria relacionado a uma discussão de créditos de uma produtora de etanol controlada pela Odebrecht em relação ao governo.

    OUTRO LADO

    Por meio de nota, a assessoria do ministro José Eduardo Cardozo disse que não sabe do que se trata o e-mail encontrado no telefone de Marcelo Odebrecht.

    Em nota, a assessoria do senador José Serra disse que ele "não tem a menor ideia do se trata".

    O subsecretário de Comunicação de Minas Gerais, Ronald Cavalcante, disse que o governador Fernando Pimentel não teria como comentar o caso por não conhecer nem por que as anotações foram feitas nem a razão da Polícia Federal ter concluído que FP seria Fernando Pimentel.

    A Folha não conseguiu contato com o advogado-geral da União Luís Inácio Adams na noite desta terça (21).

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