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    Lava Jato

    Ministério Público liga propina à Odebrecht; Moro prolonga prisões

    AGUIRRE TALENTO
    DE BRASÍLIA

    24/07/2015 12h23

    Eduardo Knapp - 28.ago.14/Folhapress
    O empresário Marcelo Odebrecht, dono da construtora, preso pela Polícia Federal
    O empresário Marcelo Odebrecht, dono da construtora, preso pela Polícia Federal

    Os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato encontraram provas documentais que ligam a Odebrecht a pagamentos de propina na Suíça a funcionários da Petrobras. Até agora, não havia documentos que comprovassem que o dinheiro saíra dos cofres da empreiteira.

    De acordo com o Ministério Público Federal, oito novas contas registradas na Suíça foram reveladas a partir da nova papelada. Ficou comprovada a ligação da Odebrecht com as off-shores responsáveis diretamente pelos pagamentos a funcionários da Petrobras —os ex-diretores Paulo Roberto Costa e Renato Duque e o ex-gerente Pedro Barusco.

    Paulo Roberto e Barusco são delatores e colaboraram com as investigações.

    Os documentos embasaram a decisão do juiz Sergio Moro, responsável pelas ações da Lava Jato, que decretou nesta sexta-feira (24) nova prisão preventiva dos executivos do grupo, entre eles seu presidente, Marcelo Odebrecht.

    Também foram afetados pela nova medida Cesar Ramos Rocha, Márcio Faria da Silva e Rogério Santos de Araújo, todos da Odebrecht, além de Alexandrino Ramos de Alencar, que deixou a companhia.

    Todos já estão presos preventivamente desde 19 de junho, por decisão de Moro. Na prática, o novo pedido de prisão esvazia os pedidos de habeas corpus que estão em andamento em instâncias superiores, pedindo a soltura dos executivos, e obriga a defesa da empreiteira a entrar com novos habeas corpus.

    Em sua decisão, Moro justifica que é necessário dar as informações dos novos fatos e provas para os habeas corpus, por isso a decretação da nova prisão.

    Na quinta (23), o Ministério Público Federal apresentou a documentação bancária recebida da Suíça com transações diretas e indiretas entre contas offshore –que, segundo Moro, eram controladas pela Odebrecht– e depósitos em contas ligadas aos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa, Renato Duque, Jorge Zelada e Nestor Cerveró, além do ex-gerente Pedro Barusco.

    Costa e Barusco se tornaram delatores da Operação Lava Jato e já disseram que recebiam propina da Odebrecht.

    "Assim, pelo relato das autoridades suíças e documentos apresentados, há prova, em cognição sumária, de fluxo financeiro milionário, em dezenas de transações, entre contas controladas pela Odebrecht ou alimentadas pela Odebrecht e contas secretas mantidas no exterior por dirigentes da Petrobras", escreveu Moro em seu despacho.

    O juiz também cita as anotações do celular de Marcelo Odebrecht, na qual haveria, segundo Moro, orientações para destruição de provas, para justificar a prisão do presidente do grupo.

    OUTRO LADO

    Sobre as anotações de Marcelo Odebrecht, sua defesa já disse em nota que a Polícia Federal fez "interpretações distorcidas, descontextualizadas e sem nenhuma lógica temporal de suas anotações pessoais".

    Advogados de defesa de executivos da Odebrecht já afirmaram que eles estão sendo prejulgados e apontam o que dizem ser erros cometidos pelo Ministério Público Federal ao delinear as supostas relações da empreiteira com o pagamento de propina no exterior.

    Procurada, a Odebrecht informou que "as defesas acabaram de tomar conhecimento e se pronunciarão oportunamente".

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