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    Lava Jato

    Andrade reclama não ter sido ouvida, Odebrecht acusa 'espetáculo midiático'

    GUSTAVO URIBE
    GRACILIANO ROCHA
    DE SÃO PAULO
    AGUIRRE TALENTO
    DE BRASÍLIA
    DO RIO

    24/07/2015 21h42

    A defesa dos executivos da Odebrecht classificou como um "espetáculo midiático" a apresentação feita pela força tarefa da Lava Jato e a comparou à época da ditadura.

    O advogado Técio Lins e Silva disse que o evento o fez lembrar a exposição do coronel Job Lorena após o atentado do Rio Centro, em 1981.

    Na ocasião, o Exército culpou grupos de esquerda pela explosão de uma bomba numa casa de shows, versão desmontada depois com as evidências de que o atentado fora planejado por militares.

    "Essa demonstração midiática [...] não condiz com o processo democrático, que deve ter paridade de armas e lealdade processual", criticou.

    Os advogados disseram que não comentariam o conteúdo da denúncia por falta de acesso ao material completo.

    A advogada Dora Cavalcanti avaliou que, ao manter os executivos da Odebrecht presos, a Justiça não colabora para transformar o Brasil num país mais justo, como alegou a Força Tarefa: "Nada disso contribui para justificar prisões que são ilegais e que merecem ser revogadas [...] A prisão não é necessária para se conduzir uma ação penal. O Brasil não sairá mais justo desrespeitando as garantias legais mais básicas", disse.

    A Justiça Federal foi classificada como "unilateral" e "parcial". Lins e Silva criticou Sergio Moro, "um juiz fora do padrão, porque o juiz não se comporta e não se veste daquela maneira exuberante, não tem dia certo para determinar suas audiências".

    "É um juiz da monocausa. Para ser democrático, os processos têm de ser distribuídos entre todos os juízes da jurisdição. Mas no Paraná, não. Ele está fora da distribuição, nenhum processo pode ser distribuído para ele, porque ele é considerado exclusivo do processo", completou.

    Em nota posterior, a empresa disse que considera a denúncia "o marco zero do início do trabalho da defesa" pois agora poderá conhecer as alegações imputadas aos executivos "o que viabilizará, finalmente, o devido exercício do direito de defesa".

    "Note-se que enquanto o Ministério Público da Suíça busca informações para ampliar suas investigações, no Brasil os procuradores atribuem aos mesmos dados o peso da mais absoluta verdade", diz outro trecho.

    ANDRADE

    A Andrade Gutierrez soltou uma nota sobre a denúncia. Disse que advogados estão estudando a peça, mas, "pelas informações passadas [...] o conteúdo da denúncia contra seus executivos e ex-executivos parece não trazer elementos novos além dos temas já discutidos anteriormente, e que já foram devidamente esclarecidos no inquérito".

    A nota afirma que esclarecimentos sobre o caso foram oferecidos, mas não foram levados em consideração.

    E conclui dizendo que a empresa entende que "o campo adequado para as discussões, a partir desse momento, é o processo judicial" e que a construtora "não pretende participar dessas discussões através da mídia".

    BRASKEM

    Também em nota, a Braskem afirmou que "não faz nenhum sentido falar em R$ 6 bilhões em prejuízo à Petrobras" no caso do contrato da venda de nafta em 2009.

    A nota afirmou que a Braskem e sua concorrente Quattor eram as únicas consumidoras do produto na ocasião.

    As concorrentes assinaram contratos com a estatal com condições idênticas, informa. Se não tivessem comprado o produto, diz, a Petrobras teria que exportá-lo, incorrendo em "relevantes custos logísticos". Assim, prossegue, o preço contratado era a melhor alternativa para todos.

    A nota ressalta que um executivo da estatal ouvido pela PF confirmou que o parâmetro negociado não geraria prejuízo contábil à Petrobras.

    Em diferentes ocasiões, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e o lobista Fernando Soares sempre negaram participação em qualquer esquema de corrupção.

    O advogado do doleiro Alberto Youssef, Antônio Figueiredo Basto, afirmou que vai manter a colaboração com as investigações.

    A advogada Fernanda Telles, que defende Bernardo Freiburghaus, disse que ele jamais atuou como intermediador de propinas e nunca teve poderes para abrir contas no exterior, aceitar depósitos ou fazer transferências.

    "Tanto é assim que, o material enviado recentemente por autoridades suíças sequer menciona o nome do Bernardo nas contas das muitas empresas offshores investigadas".

    A Folha deixou recado na residência do engenheiro Paulo Boghossian, mas não obteve retorno. Armando Furlan Júnior não foi localizado.

    A Folha não foi localizou os advogados de Mário Góes e de seu filho, Lucélio Góes.

    O advogado de Eduardo de Oliveira Freitas Filho disse que vai demonstrar, no curso do processo, que a empresa dele jamais foi usada para escoar dinheiro de propina referente à sede da Petrobras, em Vitória.

    Editoria de Arte/Folhapress

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